PERU: ROTA DO BARROCO ANDINO PERCORRE TESOUROS ARQUITETÔNICOS
Huaro, 30jan (RV) - Os minuciosos trabalhos de restauração que se realizam
nas pequenas igrejas da região peruana de Cuzco abrem caminho para uma nova opção
turística ainda não explorada: a rota do barroco andino.
Após quatro anos de
trabalho, os restauradores devolveram o antigo esplendor à Igreja de São Batista de
Huaro, localizada na província de Quispicanchis, Cuzco. Os trabalhos agora estão voltados
para outras igrejas da região.
Construída na segunda metade do século XVI,
pela Companhia de Jesus, a Igreja de São João Batista situa-se num local privilegiado,
circundada por picos andinos que envolvem todas as aldeias do distrito de Huaro.
A
zona _ que atualmente passa despercebida pelos turistas, mais atraídos por Cuzco,
antiga capital do império inca _ desenvolveu um importante papel no desenvolvimento
regional no século XVIII, época em que foi surpreendida pelo saqueio das obras de
arte por parte das forças revolucionárias de Túpac Amaru.
As Igrejas e obras
que resistiram ao tempo e aos saqueios, estão sendo restauradas graças a um convênio
entre a "World Monuments Fund" (WMF) e o Instituto Nacional de Cultura (INC) do Peru.
Graças à iniciativa, a Igreja de São João Batista, de Huaro, foi declarada, em 1972,
como monumento histórico, passando a representar uma visita obrigatória para quem
visita o sul do Peru.
Segundo a coordenadora do projeto de restauração do templo,
Ada Estrada, "os murais, reflexo da originalidade e do valor artístico da escola colonial
cusquenha, foram restaurados em primeiro lugar, fazendo-se uso de técnica compatível
com o material usado na época".
Nos murais da parte inferior do coro estão
representadas diferentes cenas do Novo e do Antigo Testamento; nas laterais, imagens
de santos e, no teto, imagens da fauna e flora peruanas. Uma das características das
pinturas é que nenhum dos elementos é repetido em todo o templo.
Na arcada
central, como é característico da arte cusquenha, mistura-se a tradição artística
ocidental com a forma peculiar dos índios e mestiços, de expressar sua realidade e
cosmovisão do mundo.
Segundo a diretora o INC, Cecília Bákula, o custo de restauração
é de 300 mil dólares. "Não é o valor monetário que importa _ afirma _ mas o que significa
como identidade e crescimento dos povos." O convênio entre os dois organismos também
está possibilitando a restauração de outros templos em povoados andinos, como os projetos
iniciados em Andahuaylillas e Urcos.
A Igreja de Canincunca, nos limites municipais
de Huaro, teve restaurado seu altar-mor, enquanto está em andamento a restauração
das igrejas de Marcapata e Ccatcca.
O valor desses tesouros da antiguidade,
autênticos exemplares do barroco andino, levou as autoridades locais e regionais a
criar a rota turística que ligaria os diferentes templos do vale.
Os visitantes
que percorrerem a região, além de contemplarem o impressionante patrimônio arquitetônico,
terão contato com os habitantes peruanos, com suas vestes coloridas e seus hábitos
tradicionais. (JK)