AUDIÊNCIA GERAL: SANTOS SÃO HOMENS COMO NÓS, E SUA SANTIDADE É FRUTO DA CAPACIDADE
DE RECOMEÇAR APÓS O PECADO
Cidade do Vaticano, 31 jan (RV) - Do papa ao fiel mais humilde, todo cristão
é um simples servidor do Evangelho e da Igreja. E todos são chamados à santidade,
porque também entre os santos havia contrastes, e porque se chega à santidade não
através de uma vida sem pecado, mas através da capacidade de converter-se, a partir
do pecado.
Foram os dois ensinamentos _ recebidos com longos aplausos _ que
caracterizaram a Audiência Geral de Bento XVI, realizada esta manhã, na Sala Paulo
VI, com a presença de oito mil fiéis e peregrinos. A catequese foi dedicada à figura
de três companheiros de missão de São Paulo: Barnabé, Silas e Apolo.
Três apóstolos,
modelos de "desapego e generosidade", ligados pelo fato de terem sido, em tempos e
modos diferentes, colaboradores de São Paulo e, portanto, exemplos de unidade, numa
Igreja que não faz distinção de dedicação, no serviço ao Evangelho e a seus ministros.
E quando os limites humanos geram problemas de compreensão também nos apóstolos mais
iluminados, isso se torna "consolador" porque mostra os santos como homens que alcançaram
uma meta e não como uma elite de predestinados.
Entrelaçando a sabedoria do
biblista com a humanidade mais verdadeira dos personagens no centro de sua catequese,
Bento XVI evidenciou o perfil de Barnabé, Silas e Apolo, companheiros de São Paulo
em suas primeiras missões, mas também homens não imunes a problemas de relação, por
vezes áspera, entre si ou em relação às comunidades que os recebiam.
O caso
mais conhecido, recordado pelo Pontífice, é o de Barnabé, o primeiro a dissipar as
dúvidas sobre a conversão de São Paulo na desconfiada comunidade de Jerusalém, o primeiro
a partilhar com Paulo, uma primeira viagem apostólica, mas também o primeiro a confrontar-se
com ele, sobre a presença de João Marcos na segunda viagem.
"Portanto, também
entre santos existem contrastes, discórdias e controvérsias, e isso me parece muito
consolador, porque vemos que os santos não caíram do céu, mas eram homens como nós,
com problemas e também com pecados. A santidade consiste não em jamais ter errado
ou pecado, a santidade cresce na capacidade de conversão, de arrependimento, de disponibilidade
a recomeçar e, sobretudo, na capacidade de reconciliação e de perdão. Isso nos faz
santos e todos podemos aprender esse caminho de santidade."
Se Barnabé, com
sua disponibilidade para com Paulo de Tarso, foi aquele que _ observou Bento XVI _
"restituiu Paulo à Igreja", Silas (ou Silvano) foi aquele que se juntou a Paulo, após
a separação de Barnabé, nas viagens à Macedônia, entre Filipos e Tessalonica. Silas
é considerado _ explicou o Papa _ um "co-propagador", junto com Paulo e Timóteo, das
Cartas aos Tessalonicenses. Trata-se de um dado que não é absolutamente marginal.
O
terceiro companheiro de Paulo é Apolo, judeu originário de Alexandria do Egito. Quando,
após a conversão, chega a Corinto para pregar o Evangelho, a sua habilidade no anúncio
suscita tal apreço, que os cristãos de Corinto acabam por opô-lo a outros membros
da Igreja. Portanto, novo contraste que provoca a reação de Paulo: "Tanto eu quanto
Apolo _ escreve _ não somos nada mais que "diakonoi", isto é, simples ministros,
mediante os quais vocês vieram à fé", cada um com uma "tarefa diferenciada". Também
daí, ressaltou Bento XVI, deriva um ensinamento não superado.
"Essa palavra
vale também hoje. Todos _ o Papa, os cardeais, os bispos, os sacerdotes e os leigos
_ somos todos ministros de Jesus. Servimos, o quanto possível, o Evangelho segundo
os nossos dons e rezamos a Deus, a fim de que faça crescer hoje, seu Evangelho e sua
Igreja." (RL)