Em tempo de campanha do referendo ao aborto, em Portugal os movimentos laicais têm
autonomia para manifestar as suas opiniões, salientou o Secretário da Conferência
Episcopal Portuguesa, notando que a Comunicação Social não tem sido isenta
(31/1/2007) As comunidades cristãs são chamadas a viver o período da campanha sobre
o Referendo ao aborto com "serenidade e com profundo sentido de responsabilidade"
porque "não devemos pensar apenas no dia do voto mas também nas consequências que
a nossa opinião tem" - disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, Secretário da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP). Quer vença o «sim» ou o «não», há consequências a
retirar: "Se vencer o «sim» há que atender às responsabilidades que cada cristão tem
em formar a sua consciência para resistir às seduções que a liberalização permitirá
tendo em conta que não se vai resolver nada, nem com o «sim» nem com o «não»" - sublinhou
o secretário da CEP. E acrescenta: "as leis não resolvem os problemas, dão-lhes um
enquadramento jurídico". Se o «não» vencer, aqueles que estiveram "empenhados na campanha
do «não» terão de ser responsáveis e fazer tudo para que as circunstâncias e as condições
de uma maternidade fecunda e feliz sejam garantidas" - esclareceu. A campanha
oficial teve o seu início ontem (30 de Janeiro) mas, durante a pré-campanha, já se
realizaram imensos debates. "No geral há um debate onde as pessoas se escutam e onde
há respeito mútuo - num regime democrático - apesar de notar que, às vezes, existe
uma certa ironia que pretende destruir os argumentos do outro" - realça D. Carlos
Azevedo. Por outro lado - desabafou o prelado - "tenho notado que a Comunicação Social
não tem sido isenta". Quando faltam alguns dias para a realização do referendo,
D. Carlos Azevedo salienta que a hierarquia tentará "aparecer o menos possível". Os
movimentos laicais têm "autonomia" para "manifestar as suas opiniões e fazer valer
a cultura da vida" - concluiu.