"O mundo precisa do testemunho comum dos cristãos". Na Basilica de São Paulo, Bento
XVI encerrou a Semana de oração pela unidade dos cristãos.
(26/1/2007) A divisão dos cristãos é contrária aos planos de Deus e o nosso mundo
tem cada vez mais necessidade do testemunho comum dos cristãos. Mas a unidade não
se pode certamente impor nem se pode organizar e o diálogo honesto e leal constitui
o instrumento típico e imprescindível da procura da unidade. O Papa Bento XVI celebrando
esta quinta feira as vésperas na Basílica de São Paulo fora de muros com os representantes
das outras igrejas presentes em Roma na conclusão da semana de oração pela unidade
dos cristãos, sublinhou estes conceitos sobre o sentido e as perspectivas do ecumenismo. Participaram
no rito o metropolita Gennadios em representação do Patriarcado Ecuménico, o bispo
John Flack em representação da Comunhão Anglicana, o pastor Holger Milkau, decano
da Igreja evangélica luterana na Itália e expoentes da comunidade russo ortodoxa de
Roma, do Exercito da Salvação, do patriarcado ortodoxo da Sérvia, da Igreja apostólica
arménia. A divisão e incomunicabilidade, consequência do pecado - salientou o Papa
– são contrarias aos planos de Deus. E a escuta da Palavra de Deus é prioritária também
no empenho ecuménico: de facto – sublinhou – não somos nós a fazer ou a organizar
a unidade da Igreja, a Igreja não se faz a si mesma e não vive de si mesma, mas da
palavra que vem da boca de Deus. Bento XVI na sua homilia perguntou depois se por
acaso nós cristãos não nos tornámos demasiado mudos? Não nos falta talvez a coragem
de falar e de testemunhar como fizeram aqueles que eram testemunhas da cura do surdo-gago
na Decápole? O nosso mundo – acrescentou – precisa deste testemunho; espera sobretudo
o testemunho comum dos cristãos. A unidade não se pode certamente impor; deve ser
partilhada e fundada numa participação comum numa única fé. No diálogo entre cristãos,
observou ainda o Papa – é preciso falar correctamente e de maneira compreensível e
o diálogo ecuménico exige a evangélica correcção fraterna e leva a um enriquecimento
espiritual recíproco. Pela primeira vez as vésperas com o Papa na Basílica de São
Paulo foram celebradas com o túmulo do apóstolo bem visível, após os recentes trabalhos
arqueológicos, acerca dos quais Bento XVI quis manifestar as suas felicitações. O
Papa recordou também os muitos encontros fraternos e diálogos a nível ecuménico efectuados
em 2006 tanto com as Igrejas do Oriente quanto com as Igrejas e comunidades eclesiais
do Ocidente. Nestes acontecimentos – comentou – foi possível ter a percepção da alegria
da fraternidade, juntamente com a tristeza pelas tensões que permanecem, conservando
sempre a esperança.