CARDEAL BERTONE DIZ QUE SÃO INFUNDADAS ACUSAÇÕES CONTRA PIO XII
Cidade do Vaticano, 25 jan (RV) - "São infundadas as acusações de silêncio
e mesmo de colaboracionismo imputadas a Pio XII na época da "shoah", o holocausto
dos judeus. Pelo contrário, "a Igreja, desde 1928, havia condenado o anti-semitismo
e durante as perseguições nazistas, muitos católicos se empenharam para salvar os
judeus da perseguição" _ afirmou o cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone,
na apresentação do livro "Os Justos, os heróis desconhecidos do holocausto", do historiador
inglês, Martin Gilbert, apresentado ontem, no Capitólio, em Roma.
Rejeitando
a tese de quem acusa o Vaticano de não ter erguido a voz contra o extermínio dos judeus
durante a II Guerra Mundial, o Cardeal Bertone reiterou que "os cristãos, entre os
quais muitos católicos, mas também os muçulmanos, optaram, à custa da própria vida,
por salvar os judeus da shoah".
O cardeal secretário de Estado acrescentou
que "a guerra dos justos foi uma guerra pacífica e silenciosa, feita sem proclamações,
sem manifestos, sem teorias nem retórica, e estes justos combateram, muitas vezes,
contra as convenções e contra os preconceitos existentes em seu próprio ambiente".
O
Cardeal Bertone enfatizou que "a Igreja Católica, durante o pontificado de Pio XII
e seguindo suas diretrizes, buscou coordenar os esforços em favor das vítimas da guerra
e, sobretudo, transmitir um exemplo aos fiéis".
"Não se tratava somente _ prosseguiu
o cardeal _ de organizar burocraticamente a busca dos dispersos e a assistência aos
prisioneiros. Foi, antes, uma atitude decidida e precisa em favor dos judeus perseguidos.
Eles eram ajudados, naquilo que era possível. E esse é o pressuposto no qual se baseou
a ação do papa e de seus colaboradores, como evidencia a documentação existente".
Segundo
o Cardeal Bertone, ''independentemente do deplorável preconceito de alguns núcleos
cristãos, permanece o fato que o anti-semitismo já havia sido condenado pelo Vaticano,
como comprova uma declaração do Santo Ofício, de 1928". "Um pronunciamento _ sublinha
o cardeal _ freqüentemente esquecido."
Por fim, o próprio Pio XI é considerado
um "justo", tese confirmada pela pesquisa do historiador Martin Gilbert. "O silêncio
do papa Pacelli, na época da "shoah" _ reitera o Cardeal Bertone _ foi um falar inteligente
e estratégico, como na rádio-mensagem no Natal de 1942, que enfureceu Hitler." (JK)