Cardeal Secretário de Estado rebate "falsos mitos" sobre Pio XII
(25/1/2007) O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, criticou
o que classificou como “acusações infundadas” contra o Papa Pio XII por causa do seu
comportamento durante a II Guerra Mundial. Referiu que o trabalho dos historiadores,
nos últimos tempos, “retiram qualquer razão de ser às acusações recorrentes de colaboracionismo
papal e de anti-semitismo católico”. O Cardeal Bertone falava num encontro organizado
pelo município de Roma para recordar os “heróis desconhecidos” do Holocausto. Segundo
este responsável, a acção do Papa Pacelli e dos seus colaboradores foi guiada “por
uma atitude precisa em relação aos judeus perseguidos, que eram ajudados de todas
as formas possíveis”. Seguindo as indicações de Pio XII, a Santa Sé procurou “coordenar
todos os esforços em favor das vítimas da guerra”. Graças ao trabalho do Papa
Pacelli, Roma contou com a maior percentagem de judeus que sobreviveram nas cidades
ocupadas pelos Nazis. Dos 5715 Judeus de Roma, registados pela Alemanha para serem
deportados, 4715 foram acomodados em 150 instituições católicas, 477 dos quais em
santuários do Vaticano. Pio XII teve uma atitude similar na Hungria através do
seu representante, o Núncio Angelo Rotta, que teve um papel decisivo na hora de salvar
a vida de 5000 Judeus. A ideia negativa sobre o Papa Pio XII começou-se a consolidar
desde a obra teatral “O Vigário” escrita em 1963 por Ralf Hoch Hunt, que lançou as
bases para uma visão particular de Eugénio Pacelli, que em 1939 foi eleito Papa com
o nome de Pio XII. Em 1999, John Cornwell publicou “O Papa de Hitler” e Daniel
Goldhagen, em 2002, apresentou o livro “A Moral Reckoning”, ambos com visões negativas
sobre o papel desempenhado pelo Papa na II Guerra Mundial – supostamente por ser apoiante
de Hitler e não ter mostrado compaixão perante o sofrimento do povo judaico. Na
altura da sua morte, contudo, Pio XII era muito admirado: basta lembrar o agradecimento
de Golda Meir, a ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, a qual enviou uma mensagem
ao Vaticano por ocasião da morte deste Papa - “Lamentamos, perdemos um servidor da
paz. A voz do Papa durante o nazismo foi clara e em defesa das vítimas”. O Cardeal
Bertone lembrou ontem em Roma os católicos, os outros cristãos e também muçulmanos
que aceitaram “dar a sua vida” para salvar os judeus da Shoah. Neste esforço, referiu,
a “Igreja, enquanto instituição, teve a sua parte específica e relevante”. A Polónia,
durante a ocupação Nazi, tinha a pena de morte para todos os que ajudassem os judeus,
o que colocou em risco centenas de milhares de católicos que se disponibilizaram para
salvar estas pessoas dos campos de extermínio nazi.