ANGLICANOS APÓIAM CATÓLICOS NA POLÊMICA SOBRE LEI ANTIDISCRIMINAÇÃO
Londres, 24 jan (RV) - A Igreja Anglicana apóia a hierarquia católica do Reino
Unido, em sua queda-de-braço com o governo trabalhista de Tony Blair, no que diz respeito
à lei que proíbe discriminar os casais homossexuais que desejam adotar uma criança,
segundo uma carta divulgada pela imprensa britânica.
Os arcebispos anglicanos
de Cantuária e York manifestaram a própria solidariedade com o primaz católico, o
Cardeal Murphy O'Connor, que escreveu uma carta a todos os membros do governo, explicando
que a Igreja Católica não pode admitir que as entidades de adoção católicas sejam
obrigadas a aceitar os casais homossexuais.
O Cardeal O'Connor advertiu os
ministros de que 12 agências católicas de adoção teriam de ser fechadas, caso fossem
obrigadas a cumprir, contra a consciência de seus responsáveis, a nova lei de igualdade,
que deve entrar em vigor em abril.
O primaz anglicano, Dr. Rowan Williams,
arcebispo de Cantuária, e o arcebispo de York, o ugandense John Sentamu, afirmam em
sua carta de solidariedade, divulgada pelo jornal "The Times", que "os direitos de
consciência do indivíduo não podem ser submetidos a uma determinada legislação".
Os
dois prelados anglicanos advertem para o risco de se criar "um clima no qual alguns
possam argumentar, por exemplo, que certos membros do governo não estão capacitados
para exercer um cargo público, por sua simples filiação religiosa".
Segundo
o Dr. Williams e o Dr. Sentamu, "muitos que trabalham como voluntários, dedicam-se
ao serviço público, por obedecer a suas consciências".
A intervenção dos dois
hierarcas anglicanos representa uma nova pressão sobre o governo Blair, numa questão
extremamente delicada. Se Blair ceder às pressões, se exporá às acusações de grupos
de pressão homossexuais e de muitos membros de seu próprio governo, e será acusado
de ser uma "marionete do Vaticano", segundo o jornal. Por outro lado, se apoiar os
grupos homossexuais e seus próprios correligionários, majoritariamente favoráveis
à lei, corre o risco de perder o apoio de milhares de eleitores católicos. O premier
é anglicano, mas é casado com uma católica e muito próximo à Igreja Católica. (JK)