IGREJA CATÓLICA NA COLÔMBIA É CONTRA AÇÃO MILITAR PARA RESGATAR SEQÜESTRADOS PELAS
FARC
Bogotá, 18 jan (RV) – A Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) rechaçou, nesta
quarta-feira, um eventual resgate militar dos seqüestrados em poder dos rebeldes das
FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e se manifestou favorável a um intercâmbio
humanitário com a guerrilha, para conseguir a libertação das pessoas detidas.
O
presidente da CEC, Dom Luis Augusto Castro Quiroga, arcebispo de Tunja, disse, nesta
quarta-feira, que a possibilidade de um resgate à força, ventilado pelo governo do
presidente Álvaro Uribe Vélez, põe em risco a vida de dezenas de reféns.
"Para
os familiares dos seqüestrados, é mais conveniente esperar alguns meses (com a esperança
de um acordo humanitário), ao invés de receber um cadáver" _ disse Dom Castro Quiroga
aos jornalistas.
O prelado fez tal pronunciamento logo após as declarações
do ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, segundo o qual o resgate militar dos seqüestrados
se apresenta como uma alternativa para conseguir a liberdade dos mesmos.
Embora
o exército tenha resgatado com êxito, o ex-ministro Fernando Araujo, há duas semanas,
os familiares dos seqüestrados em poder das FARC se opõem a que se tente fazer a mesma
coisa com seus entes queridos.
As FARC _ a maior e mais antiga guerrilha da
América Latina, que conta cerca de 15 mil homens armados em suas filas _ têm em seu
poder 58 políticos e militares, para tentar trocá-los por cerca de 500 rebeldes presos,
acusados de diversos delitos.
Para definir as condições em que se faria esse
intercâmbio, o grupo armado exigiu a retirada do exército de duas regiões do Ocidente
colombiano, mas o presidente Uribe se opõe a isso, por questões de estratégia militar.
Álvaro
Uribe Vélez decidiu, em outubro passado, cancelar a eventualidade de um diálogo sobre
o tema com as FARC, depois de acusar a guerrilha pelo ataque a uma escola militar
de Bogotá, que deixou um saldo de vários feridos. (MZ)