ANISTIA INTERNACIONAL ACUSA: GOVERNO ANGOLANO FORÇA MILHARES DE PESSOAS A ABANDONAR
SUAS CASAS
Luanda, 16 jan (RV) – A organização de defesa dos direitos humanos "Anistia
Internacional" (AI) criticou o governo de Angola, por forçar milhares de pessoas a
deixarem suas casas, na capital, Luanda, a fim de liberar áreas de terra destinadas
a receber projetos habitacionais.
Algumas das áreas envolvidas nas violentas
operações pertencem à Igreja Católica. Desde 2001, pelo menos seis mil famílias angolanas
foram despejadas. Num bairro da cidade, as demolições para dar espaço a novas casas
destinadas ao setor público e privado já duram dois anos e meio _ alega a AI, em relatório
divulgado nesta segunda-feira.
"Há pessoas que foram despejadas e, agora, estão
vivendo nas ruínas de suas antigas casas" _ disse a autora do relatório, Muluka Anne
Miti. "Elas não têm lugar para viver e não foram compensadas pelos despejos" _ acrescentou
ela.
Segundo a AI, parte dos despejos _ muitos dos quais são realizados de
forma violenta _ está ocorrendo a pedido da Igreja Católica, que possui terras cujos
títulos de propriedade datam de antes da independência do país, em 1975. Mas as áreas
têm, desde então, permanecido sob ocupação de famílias pobres. O relatório afirma
que a Igreja tem reclamado esses terrenos, desde a visita de João Paulo II ao país,
em 1992. Cerca de duas mil pessoas vivem numa área na qual a Igreja pretende construir
uma Universidade ou um templo, informa o relatório.
O documento da Anistia
Internacional alega que a maioria dos despejos de moradores envolveu uso excessivo
da força, por parte das autoridades angolanas. A AI pediu que a Igreja suspendesse
suas reivindicações de terras, até que o governo "ponha em prática uma política habitacional
que respeite os direitos humanos", e utilizasse sua influência para combater o uso
da força nas medidas de despejo. (PL)