BISPOS POLONESES DECIDEM AVERIGUAR O PRÓPRIO PASSADO
Cidade do Vaticano, 15 jan (RV) - O cardeal-secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, aplaudiu a decisão dos bispos poloneses, de submeter o próprio passado _
particularmente durante o antigo regime comunista _ a exame. O Cardeal Bertone sublinhou
que a leitura da documentação dos arquivos da polícia secreta exige discernimento.
A
decisão foi tomada durante a reunião extraordinária da Conferência Episcopal da Polônia,
realizada na última sexta-feira, em Varsóvia.
A medida foi adotada em conseqüência
da renúncia do arcebispo de Varsóvia, Dom Stanislaw Wielgus, no dia 7 de janeiro,
após ter reconhecido sua colaboração com os serviços secretos polonês e soviético,
nos tempos do antigo regime comunista.
A Conferência Episcopal deliberou a
criação de comissões locais de investigação, em todas as dioceses do país. Em março,
será criada outra Comissão Histórica Eclesiástica Nacional, da qual participarão,
entre outros, historiadores e juristas.
O Instituto de Memória Nacional, encarregado
de todos os arquivos, oferecerá sua ajuda. O resultado dos exames será enviado à Santa
Sé, que dará a última palavra.
O núncio apostólico na Polônia, Dom Jozef Kowalczyk,
anunciou, por sua vez, a aplicação de novos procedimentos para a nomeação de bispos
no país. Numa entrevista à agência católica polonesa _ KAI _ o núncio declarou que,
no futuro, e para evitar situações similares à ocorrida com Dom Wielgus, "serão analisadas
as atas da polícia e dos serviços secretos comunistas sobre os candidatos a bispo,
antes das respectivas nomeações".
"Tenho que dizer que nem a Universidade Católica
de Lublin, da qual Dom Wielgus foi reitor por 10 anos, nem a diocese de Plock, onde
foi ordinário durante outros sete anos, nos informaram de nada; não havia a mínima
suspeita" _ assinalou Dom Jozef Kowalczyk.
O núncio recordou que qualquer cidadão
que souber da existência de impedimentos para que um determinado sacerdote possa ser
nomeado bispo ou subir na hierarquia, deve avisar a Santa Sé, diretamente ou através
da Nunciatura Apostólica. (CM)