Gulu, 10 jan (RV) - Mais de sete mil peregrinos, do sul do Sudão e da República
Democrática do Congo, estão, nestes dias, no norte de Uganda, para participar de uma
semana de oração pela paz nessa região, torturada, no decorrer dos últimos 20 anos,
pelos guerrilheiros do movimento cristão fundamentalista do Exército de Resistência
do Senhor (ERS).
A semana de oração, iniciada segunda-feira, na Universidade
dos Mártires Ugandenses, na região de Lira, está sendo promovida pela Comissão "Justiça
e Paz" da Arquidiocese de Gulu, no contexto das iniciativas promovidas por ocasião
do Dia Mundial da Paz-200, celebrado no dia 1º de janeiro. O objetivo _ explicou o
secretário-executivo da Comissão, Lam Cosmos _ "é restituir um fio de esperança à
martirizada população da região, conhecida como Acholiland".
Do programa da
semana, além de encontros de oração, constam missas, conferências e encontros de reflexão,
sobre a possibilidade de justiça e reconciliação na região.
Os rebeldes do
ERS, sob o comando do ex-catequista Joseph Kony, iniciaram sua cruzada contra o governo
de Kampala, no fim dos anos 80, causando morte e destruição. O balanço das vítimas
dessa "guerra esquecida" é impressionante: milhares de mortes e desaparecidos, 20
mil menores seqüestrados para servir como meninos-soldado, além de um milhão e meio
de deslocados e obrigados a viver em campos de refugiados em condições desumanas,
violações dos direitos humanos e tanta miséria.
No último verão europeu, com
a mediação da comunidade romana de Santo Egídio, os representantes do governo ugandense
e dos rebeldes iniciaram negociações que levaram a uma precária trégua. (MZ)