EXECUÇÃO DE SADDAM HUSSEIN REACENDE DEBATE SOBRE A PENA DE MORTE NOS EUA
Washington, 10 jan (RV) - A execução de Saddam Hussein reacendeu, nos Estados
Unidos, o debate sobre a pena de morte, o caráter desumano dessa prática e sua efetiva
necessidade, com uma novidade significativa em relação ao passado: segundo a última
pesquisa do Instituto Gallup, pela primeira vez em 20 anos, o número de norte-americanos
favoráveis à pena alternativa _ de prisão perpétua _ é maior, embora de pouco, do
que os que continuam a defender a pena de morte.
Trata-se de um sinal animador
para os movimentos que há anos lutam por sua abolição nos Estados Unidos, pois confirma
uma real inversão de tendência. Apesar da diferença entre favoráveis e contrários
ser mínima _ 48% contra 47% _ a mudança é tangível, porque em 2005, as duas frentes
divergiam muito mais: a diferença entre os que defendiam a pena capital e os que a
queriam ver abolida era de 17%.
Segundo Frank McNeirney, fundador da associação
"Católicos contra a pena capital", a inversão de opiniões de deve, em parte, ao apelo
contra a pena de morte lançado por João Paulo II, em sua visita a Saint-Louis, em
1999.
A mudança de opinião não se limita ao campo político e se verifica também
no setor legal: nos últimos meses, em alguns estados que usam a injeção letal, as
cortes suspenderam temporariamente quatro execuções, pressionadas por contestações
populares, motivadas pela falta de humanidade de tal método. No estado de New Jersey,
uma Comissão especial já recomendou aos legisladores, a substituição das execuções
pela prisão perpétua. (CM)