Apelo do Bispo de Bissau ao bom senso perante a actual crise politica no país
(11/1/2007) O Bispo de Bissau, D. José Camnate, deixou ontem um apelo ao “bom senso”
perante a nova crise política no país. O prelado considera que a situação política
recomenda prudência nas declarações públicas. “Quando fazemos declarações públicas,
a finalidade dessa declaração deve ser a de contribuir para que haja maior diálogo,
declarações que possam ajudar a encontrar soluções para os problemas que o país está
a enfrentar neste momento. Acho que o clima político foi-se deteriorando pouco a pouco
e a tensão foi subindo”, disse à Rádio Renascença. O Bispo de Bissau espera que
os “graves problemas do país possam ser resolvidos da melhor forma possível”.
Segunda-feira, Carlos Gomes Júnior, que se refugiou na sede das Nações Unidas, em
Bissau, responsabilizara o presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, pelo
assassínio do antigo chefe do Estado-maior da Armada, comodoro Lamine Sanhá. Sanhá,
que não desempenhava qualquer cargo na actual hierarquia militar guineense, morreu
sábado, dois dias depois de ter sido atingido com quatro tiros por um grupo de desconhecidos
próximo da sua residência no Bairro Militar, arredores de Bissau. No dia da sua morte,
centenas de jovens manifestaram-se nas ruas que dão acesso ao bairro e ergueram barricadas
e queimaram pneus, incendiando e saqueando também uma casa, ainda em construção, pertencente
a "Nino" Vieira. Preocupado com a situação, o secretário-geral das Nações Unidas,
Ban Ki-Moon, exortou os guineenses a não fazerem justiça pelas suas próprias mãos
e disse às partes envolvidas para tentarem encontrar uma solução negociada para as
divergências internas e impedirem que o ciclo da impunidade prevaleça. Também a
Liga Guineense dos Direitos Humanos considerou "inaceitável em democracia" a tentativa
de detenção do líder do PAIGC.