2007-01-07 20:08:09

ARCEBISPO DE VARSÓVIA RENUNCIA AO CARGO, EM RAZÃO DE SEU PASSADO COLABORACIONISTA COM O REGIME SOVIÉTICO


Cidade do Vaticano, 07 jan (RV) - O arcebispo polonês de Varsóvia, Dom Stanislaw Wielgus, renunciou, neste domingo, a seu cargo, em conseqüência de ter sido descoberto seu passado de colaborador da polícia secreta da Polônia e agente da espionagem comunista.

Dom Wielgus apresentou sua renúncia, que foi aceita pela Santa Sé, no mesmo dia em que deveria ser empossado no governo pastoral da Arquidiocese da capital polonesa, em cerimônia a ser celebrada na catedral local.

Em 21 de dezembro passado, embora documentos secretos da polícia comunista _ que provavam que Wielgus fora um informante dos serviços secretos polonês e soviético _ já fossem conhecidos, a Santa Sé confirmou sua nomeação à frente do governo pastoral da Arquidiocese de Varsóvia, afirmando que o papa tinha conhecimento do passado do arcebispo.

Os protestos de intelectuais, políticos e sacerdotes e a atitude crítica da imprensa, todavia, fizeram com que a Igreja ordenasse à Comissão de História _ encarregada de verificar as biografias dos clérigos _ uma análise minuciosa dos documentos sobre Dom Wielgus.

A comissão realizou a verificação e, em seu relatório _ devastador _ confirmou que a colaboração de Dom Wielgus era inquestionável. Além disso, definiu tal colaboração com palavras fortes: "totalmente consciente" e "voluntária".

Uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, assinada por seu diretor, Pe. Federico Lombardi, afirma que "o comportamento de Dom Wielgus, nos passados anos de regime comunista na Polônia, comprometeu gravemente sua credibilidade, até mesmo junto aos fiéis". Por isso, "apesar de seu humilde e comovente pedido de perdão, sua renúncia ao governo pastoral de Varsóvia e a imediata aceitação da mesma por parte do Santo Padre parecem ser uma solução adequada, para fazer frente à situação de desorientação que se veio a criar na nação polonesa".

"É um momento de grande sofrimento para a Igreja na Polônia: uma Igreja que todos amamos e à qual muito devemos" _ diz Pe. Lombardi. Uma Igreja que nos deu pastores do porte do Cardeal Wyszynski e, sobretudo, de João Paulo II, acrescenta Pe. Lombardi, convidando todos os fiéis à solidariedade para com a Igreja na Polônia, de modo particular por meio da oração e do encorajamento, a fim de que possa reencontrar sua serenidade.

Pe. Lombardi ressalta ainda, que o caso de Dom Wielgus não é o primeiro e, provavelmente, não será o último caso de ataque a personalidades da Igreja, com base na documentação do passado regime comunista. Um acervo interminável de documentos, "que devem ser atentamente estudados e avaliados, tendo em mente, sempre, que foram produzidos por funcionários de um regime opressivo e chantagista".

Depois de tantos anos do fim do regime comunista e após a morte de João Paulo II, a atual onda de ataques à Igreja na Polônia _ sublinha Pe. Lombardi em seu comunicado _ não parece uma sincera busca de verdade e transparência, mas "tem estranhos aspectos de uma aliança entre os perseguidores de um tempo e outros seus adversários", e "mais parece uma vingança por parte daqueles que, no passado, perseguiram essa mesma Igreja, tendo sido derrotados pela fé e pelo desejo de liberdade do povo polonês".

"A verdade os tornará livres" _ disse Cristo. "A Igreja não teme a verdade e, para ser fiéis ao Senhor, seus membros devem saber reconhecer as próprias culpas" _ conclui o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, com os votos de que "a Polônia saiba viver e superar com coragem e lucidez, este período difícil, a fim de que possa continuar a dar sua preciosa e extraordinária contribuição de fé e de impulso evangélico à Igreja européia e universal". (AF)







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