SRI LANKA: RELIGIÕES MOBILIZAM-SE CONTRA CONSTRUÇÃO DE CENTRAL A CARVÃO
Colombo, 04 jan (RV) - As diversas comunidades religiosas em Sri Lanka uniram-se
numa campanha contra a construção da primeira central elétrica a carvão no país, que
poderá ter um impacto desastroso sobre a população e sobre o ambiente. A mobilização
é promovida pelos líderes do "Grupo Inter-religioso", que considera que, quando estiver
funcionando, a usina vai causar chuva ácida e degradação ambiental.
O protesto,
iniciado no último dia 29, reuniu numa marcha, mais de duas mil pessoas, em Puttalam,
nordeste do país. A associação entre o governo cingalês e uma companhia chinesa prevê
a construção da central a carvão em Norochcholai, ao norte da capital, Colombo. Serão
investidos 400 milhões de dólares na primeira central de Sri Lanka, que terá a capacidade
de gerar 300 MW.
Durante seu funcionamento, uma central a carvão emite na atmosfera
mais radioatividade do que aquela emitida por uma central nuclear com a mesma potência.
As emissões de combustão de carvão nas centrais elétricas representam a maior fonte
artificial de anidrido carbônico, que, segundo especialistas em questões climáticas,
é a causa principal do aquecimento global.
Durante a reunião realizada após
a marcha de 29 de dezembro, Pe. Anthony Wyman, pároco de Mampuri, distrito di Puttalam,
acusou o presidente de Sri Lanka, Mahinda Rajapakse, de não ter mantido a promessa
feita na campanha eleitoral, de não construir nenhuma central no local. "Enganaram
gente inocente _ afirmou o sacerdote. Devemos continuar o nosso protesto."
Os
líderes das principais religiões no país assinaram uma carta, contendo um apelo ao
presidente, para que ordene a interrupção da construção da central, imediatamente.
Entre os signatários estão Hanchapola Seelawansa, da comunidade dos monges budistas,
Pe. Edward Karunanayake, diretor da Caritas de Chilaw, Pe. Anthony Wyman, e Abdullah
Maulavi, da comunidade muçulmana.
Enquanto se realizavam os protestos, no dia
29 de dezembro, Sri Lanka assinava um acordo com a Índia, para a construção de uma
segunda central a carvão, com capacidade de gerar 500 MW de energia, no distrito de
Trincomalee, na região leste do país. (JK)