Num mundo em que tantos vivem como se Deus não existisse, os cristãos estão chamados
a difundir, com o testemunho de vida, "a verdade do Natal": Bento XVI na audiência
geral
(20/12/2006) O Papa recomendou aos fiéis a tradição do presépio, como “modo simples
e eloquente para recordar Aquele que veio habitar no meio de nós”. Trata-se, observou,
de “um importante elemento não só da nossa espiritualidade, mas também da nossa cultura
e arte”.
Nas palavras dirigidas aos diversos grupos de peregrinos, não
faltou, desta vez, uma saudação em língua portuguesa:
Amados
Irmãos e Irmãs, Saúdo com particular afecto os visitantes e ouvintes de língua
portuguesa. Faço votos por que esta vossa visita a Roma vos encoraje a participar
activamente da vida da Igreja, e vos convido a acolher, no próximo Natal, o Filho
de Deus feito homem, que se fez pobre para que nos tornássemos ricos pela Sua pobreza.
Que o Senhor abençoe vossas famílias e comunidades e, de modo especial, os que sofrem
no corpo e no espírito. Feliz Natal e um Ano Novo repleto de alegrias!
Na
alocução mais desenvolvida, em italiano, Bento sublinhou o sentido do mistério do
Natal e exortou os fiéis a predisporem-se para o viverem na fé e na conversão de vida.
“O
Senhor está próximo: vinde, adoremos”. É com esta invocação que a liturgia nos convida,
nestes últimos dias do Advento, a aproximar-se, como que em pontas de pés, da gruta
de Belém, onde se realizou o acontecimento extraordinário que transformou o curso
da história: o nascimento do Redentor. Na noite de Natal deter-nos-emos, mais uma
vez, diante do presépio a contemplar, maravilhados, o “Verbo feito carne”… O Criador
do universo veio por amor a estabelecer a sua morada entre os homens… Apareceu em
forma humana, humilhando-se… No Santo Natal reviveremos a realização deste sublime
mistério de graça e misericórdia
“Na verdade, desde há muitos séculos que
o povo eleito aguardava o Messias, mas imaginava-o como um poderoso e vitorioso herói
que libertaria os seus da opressão dos estrangeiros. Pelo contrário, o Salvador nasceu
no silêncio e na mais absoluta pobreza. Veio como luz que ilumina cada homem – nota
o evangelista João, “mas os seus não o acolheram”. Mas logo acrescenta o Apóstolo:
“A quantos o acolheram, deu o poder de ser tornarem filhos de Deus…
A liturgia
do Advento exorta também a nós a sermos sóbrios e vigilantes, para não nos deixarmos
entorpecer pelo pecado e pelas excessivas preocupações do mundo. Será vigiando e orando
que poderemos reconhecer e acolher o fulgor do Natal de Cristo…
Mas (interrogou-se
Bento XVI) “a humanidade do nosso tempo aguarda ainda o Salvador? Tem-se a impressão
de que muitos consideram Deus como alheio aos seus interesses. Aparentemente não têm
necessidade d’Ele. Vivem como se Deus não existisse . Pior ainda, como se fosse um
“obstáculo” a pôr de lado para se realizarem a si mesmos. Mesmo entre os crentes alguns
deixam-se atrair por atraentes quimeras e distrair por doutrinas falazes que propõem
ilusórios atalhos para conseguir a felicidade. E contudo, embora com as suas contradições,
angústias e dramas, e porventura precisamente por isso mesmo, a humanidade procura
hoje em dia um Salvador e, por vezes inconscientemente. Espera a vinda de Cristo,
o único verdadeiro Redentor do homem e de todos os homens". “Os cristãos têm o dever
de difundir, com o testemunho de vida, a verdade do Natal, que Cristo traz a cada
homem e mulher de boa vontade. Nascendo na pobreza do presépio, Jesus vem oferecer
a todos aquela alegria e aquela paz que podem preencher as expectativas do espírito
humano”.