BISPOS FILIPINOS: CORRUPÇÃO DOS POLÍTICOS É A CAUSA DA POBREZA
Manila, 12 dez (RV) – A pobreza nas Filipinas não depende das muitas bocas
para alimentar, mas da ineficácia da política do governo. É a resposta indireta da
Conferência Episcopal Filipina às críticas do ex-presidente Fidel V. Ramos, que acusou
o atual governo de não atuar um controle demográfico, por causa de "um injustificado
servilismo à Igreja Católica".
O arcebispo de Lingayen-Dagupan, Dom Oscar V.
Cruz, falou de "certos políticos que novamente proclamam em alta voz e com força,
a sua tese preferida: a própria população é responsável pela pobreza do povo e a miséria
da nação". Sem nomear o ex-presidente Ramos, Dom Cruz recordou que, por causa desses
políticos "há muitas bocas para alimentar e pouco alimento", "muita gente sem trabalho,
sem instrução e sem assistência médica. Muitos crimes nas ruas, muito lixo e muita
poluição no ar. A população é sinônimo de desastre; traduzindo: a população é inimiga
do Estado e a causa de todos os problemas sociais".
Mas essa tese é "errada",
como demonstram países como o Japão, China e o território de Hong Kong, que têm uma
economia florescente, mesmo com uma população numerosa. Ao contrário, a África tem
menor crescimento demográfico, mas não dispõe de bem-estar, o que confirma que o problema
não é causado pela população.
"O problema _ advertiu Dom Cruz _ é e sempre
foi o tipo de governo." Quando os líderes políticos mentem, enganam e roubam", quando
nos departamentos públicos reina a corrupção, "quando os fundos públicos… acabam indo
parar nos bolsos particulares, tudo isso empobrece a nação e ofende o povo".
O
governo, neste momento, está-se movimentando para exercer maior controle dos nascimentos.
No último dia 6, o diretor-executivo da comissão do governo para a população, Tomas
Osias, anunciou que confiou ao Movimento Paternidade Responsável (Responsible Parenting
Movement), a tarefa de promover, de modo equilibrado, os métodos de controle dos nascimentos,
tanto naturais como artificiais. O objetivo, disse Osias, "é ajudar os casais a escolherem
a melhor forma de planejar as suas famílias".
Osias observou que muitos casais
filipinos são contrários aos métodos artificiais, sobretudo "por medo de efeitos colaterais,
recusa por parte dos maridos, razões culturais ou dificuldades de acesso aos anticoncepcionais".
(MZ)