2006-12-01 18:28:47

BENTO XVI E BARTOLOMEU I REZAM JUNTOS PELA PLENA COMUNHÃO ENTRE CATÓLICOS E ORTODOXOS


Istambul, 30 nov (RV) - No terceiro e penúltimo dia da viagem apostólica de Bento XVI à Turquia, um abraço de paz, dado com calor, que torna visível a "ponte" ecumênica tão desejada entre Oriente e Ocidente. Das palavras aos gestos, a divina liturgia celebrada hoje, pelo patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, na Igreja de São Jorge, em Istambul, na presença de Bento XVI, tornou visível aquele desejo de unidade que caracteriza o caminho atual das Igrejas Católica e Ortodoxa.

Particularmente marcante o momento em que o papa recitou, em grego, a oração do Pai-nosso, durante a longa e sugestiva cerimônia, caracterizada pelos tradicionais cantos gregorianos de rito bizantino.

Em seu discurso, Bento XVI afirmou que as divisões existentes entre os cristãos são um "escândalo para o mundo" e renovou o compromisso da Igreja no caminho rumo à plena comunhão: compromisso estabelecido, por volta das 13h30 locais, com a assinatura da Declaração conjunta.

O patriarca Bartolomeu I, que havia recebido o papa no aeroporto de Istambul, acompanhou Bento XVI à igreja patriarcal de São Jorge, onde o papa venerou as relíquias de São Gregório Nazianzeno e de São João Crisóstomo, restituídos, em 2004, por João Paulo II, ao Patriarcado Ecumênico.

"As divisões existentes entre os cristãos são um escândalo para o mundo e um obstáculo para a proclamação do Evangelho" _ afirmou Bento XVI. "Na véspera de sua paixão e morte o Senhor, cercado pelos discípulos, rezou com fervor que eles fossem um, de modo que o mundo pudesse acreditar. É somente através da comunhão fraterna entre os cristãos e mediante o recíproco amor que a mensagem do amor de Deus por todo homem e mulher se tornará crível."

"O papa João Paulo II falou da misericórdia que caracterizava o serviço à unidade de Pedro, uma misericórdia que o próprio Pedro experimentou por primeiro. Baseado nisso, João Paulo II fez o convite a entrar em diálogo fraterno com a finalidade de identificar os caminhos nos quais o ministério petrino poderia ser hoje exercido, embora respeitando a natureza e a essência, de modo a realizar um serviço de amor reconhecido por ambas as partes. É meu desejo hoje evocar e renovar tal convite."

"Santo André _ explicou ainda o papa _ recebeu outra incumbência do Senhor: a de favorecer o frutuoso encontro entre a mensagem cristã e a cultura helênica. Diversos papéis, portanto, mas uma mesma missão: amar até o fim. E tanto São Pedro quanto Santo André sofreram o martírio da cruz. É a unidade que reúne tantos cristãos aos pés de Cristo crucificado e que obriga a Igreja, ressaltou o Santo Padre, a prosseguir a sua peregrinação entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus."

"Também o século passado viu corajosas testemunhas da fé, quer no Oriente, quer no Ocidente. Também hoje, existem muitas testemunhas em diversas partes do mundo. Nós as recordamos em nossa oração e, na medida do possível, oferecemos-lhes a nossa ajuda, ao mesmo tempo em que pedimos, com insistência, a todos os líderes do mundo, que respeitem a liberdade religiosa como direito humano fundamental."

Ao término da divina liturgia, o papa e o patriarca assomaram ao balcão do palácio patriarcal, abençoando, em latim e grego, os fiéis presentes. Foram muitos os aplausos aos quais responderam com as mãos unidas elevadas para o alto. Depois, se realizou a cerimônia de assinatura da Declaração conjunta, na qual Bento XVI e Bartolomeu I expressam a alegria de sentir-se irmãos, e renovam o compromisso em vista da plena comunhão.

A seguir, o Santo Padre almoçou com Bartolomeu I, no Patriarcado Ecumênico de Istambul. Participaram do almoço os cardeais e bispos da comitiva do papa e alguns metropolitas do Patriarcado. Mais tarde, por volta das 14h30, o Pontífice se transferiu, de automóvel, para a Nunciatura Apostólica de Istambul.

Às 16h45, Bento XVI deixou a sede da representação diplomática pontifícia, para cumprir mais uma etapa importante dos compromissos deste terceiro dia em terras turcas: a aguardada visita ao histórico Museu de Santa Sofia, em Istambul. Museu que era uma antiga basílica, dedicada à Divina Sabedoria, e que foi também mesquita. Ali, o Pontífice foi recebido pelo presidente do museu, que o conduziu numa visita, finda a qual o papa assinou seu nome no Livro de Ouro.

O pontífice visitou ainda, a Mesquita Azul, de Istambul, um momento de intenso significado para as relações entre católicos e muçulmanos. A seguir, fez uma visita de oração à Catedral Armênia Apostólica, onde foi recebido por Sua Beatitude, Patriarca Mesrob II Mutafian. Após o momento de oração, o Patriarca acompanhou o papa ao Salão das Audiências, onde teve lugar o encontro oficial com a apresentação das respectivas delegações.

O Santo Padre concluiu esta intensa jornada com um encontro com o Metropolita Sírio-ortodoxo, Filuksinos Yusuf Centin, e com o Grão-rabino da Turquia, Isak Valeva, na Nunciatura Apostólica.

Às 19h locais, o pontífice jantou com os membros da Conferência Episcopal Turca, na mesma Nunciatura, juntamente com os cardeais e bispos que fazem parte de sua comitiva. (RL)







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