Dia Mundial da SIDA 2006 . Mensagem das conferências episcopais de áfrica e Madagascár
(30/11/2006) A todos os nossos Irmãos e Irmãs da Igreja Católica de África e Madagáscar,
a todos os homens e mulheres de boa vontade e, em especial, a todos os que estão infectados
pelo HIV ou são afectados pelo SIDA: as nossas saudações e os melhores votos neste
Dia Mundial do SIDA 2006. O tema deste ano é: “Parar o SIDA: Cumprir a Promessa!”
No momento em que celebramos este dia, reflectimos sobre a fidelidade mais profunda
que é necessária para inverter esta pandemia. Estamos profundamente alarmados com
a magnitude do HIV e do SIDA, com as condições de susceptibilidade à infecção e à
doença, seu alastramento e suas consequências. As estatísticas, por si só, apresentam-nos
uma história devastadora. Segundo o relatório deste ano da ONUSIDA, 24,5 milhões de
pessoas entre a população total de 774 milhões que habitam a África sub-saariana vivem
com HIV e SIDA. Quase todos os países do sub-continente têm uma taxa de infecção muito
superior a 1%, o limiar de epidemia, e a taxa média entre adultos dos 15 aos 49 anos
de idade é de 6,1%. Apesar de grandes esforços envidados ao nível da educação,
há muitas pessoas que continuam ignorantes acerca do SIDA ou continuam a negá-lo.
Apesar de uma maior disponibilidade ao nível dos tratamentos, o número das pessoas
que morrem com SIDA continua a aumentar. E apesar dos serviços prestados, muitas das
pessoas que estão infectadas e doentes continuam esmagadas em circunstâncias de desespero
indescritível. Fazendo eco dos ensinamentos do Papa Bento XVI neste ano, nós Bispos
Católicos de África encorajamos todas as pessoas a pensarem nas causas mais profundas
da pandemia. Não se trata de uma questão meramente médica. É necessária uma abordagem
ao nível da saúde pública, mas tal não é suficiente. Como a missão da Igreja é abordar
a pessoa no seu todo e em todas as dimensões da vida, sentimos em nós a responsabilidade
especial de revitalizar os valores morais fortes das nossas sociedades. É isso que
conduzirá a uma solução sustentável para o SIDA em África. As questões sociais
e o Evangelho são, entre si, inseparáveis. Os Papas mais recentes têm vindo a insistir
neste aspecto pelo menos há 125 anos. Dar aos homens apenas conhecimentos, habilitações,
capacidades técnicas e instrumentos, tudo isso é demasiado pouco. Este aspecto foi
sublinhado de novo pelo nosso Papa, Bento XVI, quando disse recentemente: “O Deus
de Jesus Cristo deve ser conhecido, acreditado e amado. Deve converter os corações
para que também as acções sociais possam progredir, para que se dê início à reconciliação,
para que o SIDA possa ser combatido, enfrentando verdadeiramente as suas causas profundas
e curando os doentes com a devida atenção e com amor.” A comunidade global tem
sido devidamente alertada nos últimos anos para a tragédia da pandemia do SIDA. Sentimo-nos
fortemente encorajados com os compromissos generosos no sentido da disponibilização
dos recursos necessários contra este temível assassino. Instamos veemente os que fizeram
essas promessas a recordarem a declaração do falecido Papa João Paulo II, segundo
a qual “As promessas feitas aos pobres são uma dívida que tem de ser paga.” Os compromissos
têm de ser honrados no devido tempo. As promessas têm que ser cumpridas prontamente
para conseguirmos algum êxito neste combate. O tema para o Dia Mundial do SIDA neste
ano é, assim, extremamente pertinente: “Parar o SIDA: Cumprir a Promessa!” Por
nossa parte, e dentro dos meios que temos ao nosso dispor, continuaremos a prestar
cuidados com competência, amor e de forma abrangente. Ensinaremos e pregaremos, de
modo incansável. Continuaremos a desafiar os africanos como nós, qualquer que seja
a sua idade ou condição, a cumprirem as suas responsabilidades ao nível pessoal e
ao nível das comunidades em que estão inseridos. Continuaremos a incitar, nomeadamente
os nossos dirigentes, e segundo as palavras do Santo Padre “a um compromisso partilhado
em prol da justiça e do amor.” E continuaremos a acolher a ajuda generosa e respeitosa
dos governos, organizações, órgãos religiosos e benfeitores individuais. Que a
nossa Santa Mãe Maria, Rainha de África e Saúde dos Doentes, interceda por nós junto
do Trono da Graça. Ámen. + John ONAIYEKAN Arcebispo de Abuja, Nigéria Presidente
do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SCEAM)