2006-11-27 13:29:59

UCRÂNIA RECORDA "DIA DA MEMÓRIA"


Moscou, 25 nov (RV) - O dia da memória ucraniana, quando se presta homenagem aos milhares de vítimas da penúria provocada por Josef Stalin, na guerra contra os "kulak" _ a pequena burguesia rural _ foi recordado neste sábado, pela primeira vez, também em Moscou.

A iniciativa da Igreja Ortodoxa russa contou com uma celebração, na tarde desta segunda-feira, na Catedral das Aparições. Por sua vez, os programas de rádio e televisão de Moscou observaram um minuto de silêncio às 17h locais.

Kiev, capital da Ucrânia, que celebra o "Dia da memória" desde 2004, pediu recentemente à ONU, que reconhecesse a tragédia dos anos 1932-33 como um "holocausto do povo ucraniano, por obra do regime comunista do Kremlin". O pedido foi seguido de protestos por parte da Rússia, sob a argumentação que a tragédia teria atingido toda a União Soviética e não somente a Ucrânia.

Na verdade, a Ucrânia foi o país mais atingido pela penúria que provocou na então URSS, segundo dados oficiais, nove milhões de mortos. O último balanço, atualizado por historiadores, eleva para 13 milhões o números das vítimas.

A campanha stalinista contra os "kulak" (termo pejorativo usado para se referir aos camponeses relativamente ricos do tempo do império russo) teve início em 1929 sob a denominação de "coletivização". Alguns estudiosos dizem que aquele momento havia sido escolhido para sufocar o crescente descontentamento da população rural contra a enorme extração de recursos em favor dos centros urbanos e contra uma industrialização levada avante com demasiada rapidez. Outro objetivo teria sido o de sufocar movimentos nascentes, de matriz nacionalista, no Cáucaso e na Ucrânia.

Os soldados do exército soviético saqueavam os estoques de cereais, deixando os paióis vazios. Quem se opunha, era eliminado. Stalin definia a campanha como "guerra silenciosa dos sabotadores agricultores contra o poder soviético". Dali, nasceram muitos testemunhos dramáticos, relatando casos de canibalismo. A carne de cães, gatos e ratos foi amplamente usada para saciar a fome dos camponeses.

A "coletivização" permaneceu um tabu para os historiadores soviéticos, mesmo depois da "desestalinização", iniciada em 1956, por Nikita Krushev, com o XX Congresso do Partido Comunista Soviético. Somente após a segunda metade dos anos 80, em plena "Perestroika" os historiadores começaram a reexaminar aquele obscuro período e a acrescentar, ao já assustador balanço das repressões stalinistas, a hecatombe camponesa dos anos 30. (JK)







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