Istambul, 25 nov (RV) – "O papa, durante sua visita à Turquia, será protegido
ao máximo nível como se fez no passado para outros chefes de estado estrangeiros"
_ foi o que assegurou o porta-voz da polícia de Istambul, Ismail Caliskan, referido
na manhã de ontem pela mídia turca.
Os esforços turcos foram elevados ao máximo
também pela presença na Turquia de ambientes islâmico-nacionalistas fortemente anticristãos
e fortemente contrários à visita do papa, sobretudo depois das polêmicas levantadas
pelo discurso de Bento XVI em Regensburgo, no passado mês de setembro.
Em tais
ambientes se forjaram, de fato, o homicídio do padre Andrea Santoro em fevereiro,
na cidade de Trebizonda, como também os disparos próximos ao consulado italiano no
último dia 2 de novembro, como ainda o assalto desses dias à Basílica de Santo Sofia,
hoje transformada em museu, em Istambul. São os mesmos ambientes que estão preparando
uma grande manifestação contra a visita papal para domingo em Istambul, onde os organizadores
esperam a participação de "um milhão de pessoas".
"O papa na Turquia estará
seguro como no Vaticano" _ declarou à imprensa Egemen Bagis, um parlamentar do partido
dos radicais islâmicos, representando o governo de Ancara.
O papa chegará em
Ancara no dia 28 de novembro. À sua chegada deverá ser recebido pelo vice-primeiro-ministro
Beshir Atalay, embora haja a hipótese de que o próprio premier Tayyip Erdogan, esteja
para receber o papa no aeroporto, antes de sua partida para a Cúpula da NATO, em Riga.
O
longo trajeto de aproximadamente 25 km entre o aeroporto e a cidade será coberto por
agentes da polícia, espalhados a cada cem metros. Após a cerimônia de acolhida da
parte do chefe de Estado, Ahmet Necdet Sezer, o papa deverá dirigir-se à sede da Presidência
dos assuntos religiosos, que se encontra fora de Ancara, na estrada de Eskisehir.
Para
estes deslocamentos do papa, os dirigentes da polícia da capital turca mobilizaram
também os policiais que normalmente desenvolvem trabalhos burocráticos.
À tarde
o papa estará na sede da Nunciatura que se encontra perto do Palácio da República
e onde já se encontra uma discreta vigilância.
Para o dia seguinte, o papa
voará para Éfeso, para visitar a "casa de Maria", e ali estará sob a segurança de
um quartel da polícia turca, que se encontra nas imediações. Também ali se prevê uma
corrente de policiais ao logo de todo o percurso papal.
Logo à tarde o papa
irá de avião a Istambul, que será o ponto alto da visita. Os chefes da polícia de
Istambul afirmam ter predisposto para o papa "um plano de segurança semelhante ao
que se organizou por ocasião da cúpula da NATO há dois anos", quando foram destacados
12 mil soldados com atiradores selecionados e dispostos nos terraços de todos os edifícios.
O
papa, muito provavelmente, após sua chegada ao aeroporto de Istambul, será transportado
em helicóptero para evitar o caótico trânsito da cidade, mas também por motivo de
segurança maior. As autoridades prevêem ainda o fechamento da área onde o papa vai
estar, ou seja, ao redor do Patriarcado greco-ortodoxo e da residência do patriarca
Bartolomeu I, que hospedará o papa.
O bairro onde se situa o Patriarcado já
vem sendo controlado pelos policiais à paisana 24 horas por dia. Enquanto isso a polícia
turca fez um apelo àqueles que são contrários à visita do papa (os ambientes nacionalistas
e islâmicos) que moderem ao máximo os seus protestos.
"Os olhos do mundo inteiro
estarão voltados para a Turquia naqueles dias. É interesse da Turquia que o papa leve
uma impressão positiva do nosso país" _ afirmou o porta-voz da polícia de Istambul,
Caliskan.
Trata-se também de um imperativo político, pois qualquer incidente
influiria sobre o processo europeu de Ancara, como já fez observar explicitamente
o patriarca ortodoxo Bartolomeu, dias atrás. (MZ)