Valença, 25 nov (RV) - Nesta quinta-feira, 23 de novembro, durante a primeira
jornada do III Simpósio Internacional "Educação e Cinema", organizado pela Universidade
Católica de Valença com o lema "Pessoa e Sociedade", a professora Gloria Tomás defendeu
que "o bom cinema pode ser um veículo da ética personalista". Para ela na cultura
da imagem, o cinema pode ensinar a "pensar com os olhos", desempenhando uma função
educativa insubstituível.
Segundo a professora da Universidade Católica
San Antonio de Murcia (UCAM), "numa cultura da imagem, da rapidez, da mudança _ disse
_, o cinema nos oferece a oportunidade de pensar através de um método mais existencial
e fenomenológico; aparentemente menos reflexivo, menos abstrato, mas que, na realidade,
nos situa ante o homem concreto e suas perguntas definitivas".
Com o diretor
de cinema Andrei Tarkovski (1932-1986), Tomás opina que "o coração humano é um profundo
segredo que se dirige para o infinito, e que esta experiência universal é difícil
de explicar e transmitir aos demais (…), esse vazio pode moldar o cinema como o gesto
do ator (…), o que expressa então que o coração não fica narrado, mas esculpido. O
infinito pode mostrar-se como o concreto. É comunicável em imagens vivas".
O
mesmo que Aristóteles dizia da arte, Tomás aplica ao cinema: "de algum modo, o suporte
cinematográfico dá corpo à essência secreta das coisas" e o faz "em atalhos, em pouco
tempo".
O cinema "é atrativo; nos faz pensar com os olhos, desejar o infinito
com a imagem, desfrutar em climas condensados de humanidade, de aventura, de inteligência
(…). Enfocar deste modo o cinema não supões tanto crer no cinema, como crer no homem",
afirmou a professora.
Para Gloria Tomás, "se qualquer atividade humana deve
medir-se com o metro da verdade sobre o homem, o bom cinema também está chamado a
ser veículo de transmissão de uma mensagem positiva, que faça constante referência
à verdade, a Deus, à dignidade do homem; deve converter-se em um meio expressivo adequado
à apresentação dos valores da vida".
Por isso, a professora insistiu na idéia
que "desde estes pressupostos, o cinema é um instrumento que nos faz pensar com os
olhos".
Como exemplo, Tomás mencionou alguns filmes que ofereceram uma imagem
da infância, do amor, da família, do sofrimento, da velhice, das leis, e inclusive
da guerra, conforme a natureza humana. Assim, "Marcelino Pão e Vinho", "A vida é bela",
"O carteiro e o poeta", "Fahrenheit 451", entre outros, são exemplos de um cinema
que, segundo Julián Marías, possibilitaram "uma nova forma de análise da vida humana".
Por
fim, a professora recordou o ditado popular "os santos sabem ler a Deus; os poetas,
os homens; e os sábios, a natureza…" afirmando que ele se aplica ao cinema.
Referindo-se
aos espectadores, ela comentou que "sendo bons", podem "perceber o ladrar constante
e luminoso da própria consciência", que de algum modo "constitui o coração do coração,
e nessa perspectiva mede o verdadeiro progresso". (MZ)