2006-11-25 11:01:01

"PENSAR COM OS OLHOS", EIS O QUE ENSINA O CINEMA


Valença, 25 nov (RV) - Nesta quinta-feira, 23 de novembro, durante a primeira jornada do III Simpósio Internacional "Educação e Cinema", organizado pela Universidade Católica de Valença com o lema "Pessoa e Sociedade", a professora Gloria Tomás defendeu que "o bom cinema pode ser um veículo da ética personalista". Para ela na cultura da imagem, o cinema pode ensinar a "pensar com os olhos", desempenhando uma função educativa insubstituível.


Segundo a professora da Universidade Católica San Antonio de Murcia (UCAM), "numa cultura da imagem, da rapidez, da mudança _ disse _, o cinema nos oferece a oportunidade de pensar através de um método mais existencial e fenomenológico; aparentemente menos reflexivo, menos abstrato, mas que, na realidade, nos situa ante o homem concreto e suas perguntas definitivas".

Com o diretor de cinema Andrei Tarkovski (1932-1986), Tomás opina que "o coração humano é um profundo segredo que se dirige para o infinito, e que esta experiência universal é difícil de explicar e transmitir aos demais (…), esse vazio pode moldar o cinema como o gesto do ator (…), o que expressa então que o coração não fica narrado, mas esculpido. O infinito pode mostrar-se como o concreto. É comunicável em imagens vivas".

O mesmo que Aristóteles dizia da arte, Tomás aplica ao cinema: "de algum modo, o suporte cinematográfico dá corpo à essência secreta das coisas" e o faz "em atalhos, em pouco tempo".

O cinema "é atrativo; nos faz pensar com os olhos, desejar o infinito com a imagem, desfrutar em climas condensados de humanidade, de aventura, de inteligência (…). Enfocar deste modo o cinema não supões tanto crer no cinema, como crer no homem", afirmou a professora.

Para Gloria Tomás, "se qualquer atividade humana deve medir-se com o metro da verdade sobre o homem, o bom cinema também está chamado a ser veículo de transmissão de uma mensagem positiva, que faça constante referência à verdade, a Deus, à dignidade do homem; deve converter-se em um meio expressivo adequado à apresentação dos valores da vida".

Por isso, a professora insistiu na idéia que "desde estes pressupostos, o cinema é um instrumento que nos faz pensar com os olhos".

Como exemplo, Tomás mencionou alguns filmes que ofereceram uma imagem da infância, do amor, da família, do sofrimento, da velhice, das leis, e inclusive da guerra, conforme a natureza humana. Assim, "Marcelino Pão e Vinho", "A vida é bela", "O carteiro e o poeta", "Fahrenheit 451", entre outros, são exemplos de um cinema que, segundo Julián Marías, possibilitaram "uma nova forma de análise da vida humana".

Por fim, a professora recordou o ditado popular "os santos sabem ler a Deus; os poetas, os homens; e os sábios, a natureza…" afirmando que ele se aplica ao cinema.

Referindo-se aos espectadores, ela comentou que "sendo bons", podem "perceber o ladrar constante e luminoso da própria consciência", que de algum modo "constitui o coração do coração, e nessa perspectiva mede o verdadeiro progresso". (MZ)







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