Conferência da ONU em Genebra sobre armas de efeitos indiscriminados: a decepção da
Santa Sé manifestada na intervenção do Arcebispo Silvano Tomasi
(25/11/2006) A Santa Sé manifestou publicamente a sua decepção perante a falta
de compromisso com que se encerrou a Conferência de Exame da Convenção sobre a proibição
do emprego de certas armas convencionais que podem ser consideradas excessivamente
daninhas ou que podem ter efeitos indiscriminados. Ao intervir na conclusão do
encontro, que se celebrou em Genebra de 7 a 17 de Novembro, o arcebispo Silvano Maria
Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas sublinhou as consequências
humanitárias que terá esta incapacidade para tomar decisões. «É deplorável que
os Estados não tenham sido capazes de alcançar um acordo sobre um instrumento legalmente
vinculante sobre minas diferentes às minas terrestres», afirmou o representante do
Papa. O prelado referia-se em particular às minas antiveículos, que são particularmente
mortíferas nas operações humanitárias e após os conflitos armados. «O fracasso para
conseguir este acordo provocou uma decepção real frente às expectativas de muitas
pessoas que vêem como poderia ter-se oferecido uma boa e adequada resposta às preocupações
humanitárias que propõem estas armas.» Por isso, a delegação vaticana considerou que
«por agora, têm de ser tomadas medidas fortes e específicas em âmbito nacional por
cada um dos Estados enquanto não se conseguir um consenso internacional». Mais de
onze mil pessoas morreram no pós-guerra, em numerosos conflitos mundiais desde 1973
pela explosão de bombas cluster, ou de fragmentação, as mais mortíferas para civis
juntamente com as minas terrestres. Na Conferência, a Santa Sé apoiou as negociações
que buscavam aprovar «um instrumento legalmente vinculante sobre as bombas cluster
e mostrou-se favorável a uma moratória, enquanto não se alcançar esse objectivo,
baseada na evidência dos desastres humanitários causados por estas armas, especialmente
entre a população civil». As agências de ajuda humanitária explicaram na reunião que
não basta exigir que sejam retiradas as bombas cluster, mas que devem ser proibidas.
De facto, segundo estas organizações, há milhares de milhões de bombas cluster.