2006-11-22 12:05:30

BENTO XVI PUBLICARÁ BREVEMENTE SEU PRIMEIRO LIVRO COMO PAPA


Cidade do Vaticano, 21 nov (RV) -Bento XVI acabou de escrever a primeira parte de um livro intitulado "Jesus de Nazaré: do Batismo no Jordão à Transfiguração". Foi o que divulgou, esta manhã, a Sala de Imprensa da Santa Sé.

O livro, composto de 10 capítulos, foi entregue, dias atrás, à Livraria Editora Vaticana, que fez acordo com a Rizzoli, cedendo à Casa Editora os direitos de tradução, difusão e comercialização no mundo inteiro.

A obra, que será publicada na primavera européia de 2007, é a primeira de Bento XVI, desde a eleição à Cátedra de Pedro. Foram difundidos hoje alguns trechos do prefácio e da introdução do volume, que dão uma idéia da profundidade de reflexão que o Papa oferece sobre a figura de Jesus.

Trata-se de uma narração apaixonada, fruto "de um longo caminho interior". Bento XVI apresenta a primeira parte do livro com extraordinária humildade. "Este livro _ escreve no prefácio, que traz a data de 30 de setembro, festa de São Jerônimo _ não é absolutamente um ato magisterial, mas unicamente expressão da minha busca pessoal da face do Senhor."

Por isso _ prossegue _, "qualquer um pode me contradizer livremente" e pede aos leitores "aquela antecipação de simpatia sem a qual não há nenhuma compreensão".

-O Papa, que começou a escrever esta obra antes da eleição à Cátedra de Pedro, explica que a partir dos anos cinqüenta se tornou "cada vez maior" a separação "entre o Jesus histórico" e o "Cristo da fé". Os progressos da pesquisa histórico-crítica _ afirmou ele _ "levaram a distinções sempre mais sutis" e por trás delas a figura de Jesus "se tornou cada vez mais incerta, assumiu contornos sempre menos definidos".

Essas tentativas _ escreve ainda o Santo Padre _ deram "a impressão de que é muito pouco aquilo que sabemos com certeza sobre Jesus, e que somente mais tarde a fé em sua divindade plasmou a sua imagem". Essa impressão, ressalta com pesar o papa, "penetrou profundamente na consciência comum do cristianismo".

-Trata-se _ é a sua reflexão _ de uma "situação dramática para a fé porque torna incerto o seu autêntico ponto de referência, ou seja, a íntima amizade com Jesus, de quem tudo depende".

Eis então que o papa teólogo renova com veemência a sua "confiança nos Evangelhos". E indica aquilo a que se propõe com esse volume, ou seja, "fazer a tentativa de apresentar o Jesus dos Evangelhos como o verdadeiro Jesus, como o Jesus histórico no verdadeiro sentido da expressão".

O Papa se diz convencido de que "esta figura é muito lógica e do ponto de vista histórico também mais compreensível do que as reconstruções com as quais tivemos que nos confrontar nas últimas décadas".

O Jesus dos Evangelhos _ lê-se ainda no prefácio _ "é uma figura historicamente sensata e convincente". Por outro lado _ adverte _, "somente tendo acontecido algo extraordinário, e se a figura e as palavras de Jesus superaram radicalmente todas as esperanças e as expectativas da época, se explicam a sua crucifixão e a sua eficácia".

Bento XVI faz questão de precisar que "este livro não foi escrito contra a moderna exegese". De fato, a moderna exegese "fez-nos conhecer uma grande quantidade de fontes e de concepções através das quais a figura de Jesus pode tornar-nos presente numa vivacidade e profundidade que poucas décadas atrás não podíamos nem mesmo imaginar".

Em seguida, o pontífice explica ter somente procurado "ir além da mera interpretação histórico-crítica aplicando os novos critérios metodológicos, que nos permitem uma interpretação propriamente teológica da Bíblia e que naturalmente requerem a fé sem por isso querer e poder renunciar à seriedade histórica".

Que esta obra seja um grande ato de amor do Papa pelo Senhor, pode-se compreender muito bem através das palavras que concluem o prefácio. O Santo Padre revela que, desde a sua eleição, usou "todos os momentos livres" para levar avante a redação do volume e acrescenta: "Como não sei quanto tempo e quanta força ainda me serão concedidas, decidi publicar agora" a primeira parte do livro. Junto ao prefácio foi divulgada parte da introdução do livro, intitulado "Um primeiro olhar sobre o segredo de Jesus".

O ensinamento de Jesus _ escreve Bento XVI _ "não provém de um aprendizado humano". Provém, ao invés, "do contato imediato com o Pai, do diálogo face a face, d a contemplação daquele que está no seio do Pai". Por isso _ afirma o Papa _, o discípulo de Jesus é envolvido "junto com Ele na comunhão com Deus. E é isso que verdadeiramente salva: a superação dos limites do homem". (RL)








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