AGENTES PASTORAIS DENUNCIAM DISCRIMINAÇÃO CONTRA CIGANOS
Fátima, 21 nov (RV) - A Igreja Católica em Portugal manifestou a sua preocupação
perante as contínuas atitudes discriminatórias de que é vítima a comunidade cigana
no país. A posição foi assumida no final do 33º Encontro Nacional da Pastoral dos
Ciganos que aconteceu em Fátima, neste final de semana, sob a presidência de dom António
Vitalino Dantas, Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana.
O comunicado
final do encontro condena "a continuação da discriminação contra os ciganos no aluguel
de casas, em escolas, em opiniões populares e em múltiplas circunstâncias". Em particular
é chamada a atenção das Autarquias "que proíbem a permanência de famílias ciganas
por um período superior a alguns dias, ao abrigo de posturas municipais e que promovem
a expulsão de famílias ciganas do seu território".
Nesta reunião participaram
cerca de 100 pessoas, 60% das quais de etnia cigana, das Dioceses de Bragança-Miranda,
Porto, Aveiro, Guarda, Viseu, Leiria-Fátima, Santarém, Setúbal e Beja.
Considerando
"a sistemática repressão, discriminação e exclusão dos ciganos e a 'ciganofobia' durante
os cinco séculos de história dos ciganos em Portugal", os participantes no Encontro
esperam um tratamento positivo e "uma reparação financeira adequada em favor das atuais
populações ciganas".
Lembrando que o comércio ambulante continua a ser o principal
meio de subsistência das populações ciganas, o documento conclusivo lamenta a sua
contínua degradação, devido "à conjuntura econômico-financeira em Portugal, à concorrência
do comércio chinês, à legislação obsoleta e injusta sobre a matéria e às práticas
das Autarquias, cada vez mais marginalizadoras desta legítima atividade econômica".
Quanto
aos projetos de evangelização da Igreja, pediu-se "a conveniência de estudar o enriquecimento
da liturgia com a contribuição da cultura cigana" e a criação de um grupo de trabalho
"que analise a problemática do ecumenismo no contexto da religiosidade dos ciganos
em Portugal". (CE)