Pequim, 21 nov (RV)- O secretário-geral do Conselho Mundial
de Igrejas, o queniano Samuel Kobia, pediu nesta terça-feira ao governo chinês para
que "seja ampliado o espaço para a prática religiosa". "Se não fizer isto, o governo
chinês somente prejudicará o país" _ advertiu Kobia.
Samuel Kobia está visitando
Pequim a convite do Conselho de Igrejas Cristãs da China (CCC), órgão que agrega as
diversas denominações protestantes do país e reconhecido pelo governo chinês. Sua
delegação é integrada pelo Secretário do organismo para a Ásia, Mathews George e pelo
representante do Sínodo Ortodoxo, Gabriel Papanicolaou.
O objetivo da viagem
é manter contatos com o Conselho das Igrejas Cristãs chinesas para buscar desenvolver
uma teologia autóctone, que leve em consideração a ética e a justiça social. O Secretário
ressaltou a importância de uma teologia nascida da inculturação e não vinda de fora.
"Viemos mais escutar que falar. E não temos dúvida que o século XXI é o século da
China em um sentido amplo" _ declarou Kobia.
Kobia assinalou que o presidente
da Comissão Consultiva Política da China, Jia Qinlin, além de outras autoridades,
já haviam expressado "o desejo do governo chinês de contar com a religião no processo
de construção de uma sociedade harmônica". O último censo revelou que na China existem
cerca de 60 milhões de cristãos e 55 mil lugares de culto reconhecidos pelo governo.
A
visita à China do Secretário do Conselho das Igrejas Cristãs, organismo com sede em
Genebra e responsável pelo ecumenismo, coincide com um relatório publicado nos Estados
Unidos que coloca a China entre os 8 países no mundo com menor liberdade religiosa
em 2006.
Segundo um porta-voz do Ministério do Exterior chinês, o relatório
"é uma ingerência nos assuntos internos da China, ao qual Pequim expressa sua grande
insatisfação e firme oposição". Segundo a mesma fonte, o governo chinês sempre realizou
esforços para proteger os direitos dos cidadãos em relação à liberdade religiosa.
"Exigimos que os Estados Unidos respeitem a verdade e deixem de interferir nos assuntos
internos da China usando o pretexto da religião" _ acrescentou o porta-voz.(JK)