BENTO XVI AO PRESIDENTE ITALIANO: A LIBERDADE RELIGIOSA NÃO PREJUDICA OS INTERESSES
DO ESTADO
Cidade do Vaticano, 20 nov (RV) - Bento XVI iniciou as suas atividades de hoje
recebendo em audiência, esta manhã, o Presidente italiano, Giorgio Napolitano. Foi
um encontro para renovar a ligação particular que une a Itália ao Sucessor de Pedro.
De fato, foi com este espírito que se realizou esta manhã, no Vaticano, a visita do
Presidente da República ao Papa.
O chefe do Estado, acompanhado pela esposa
Clio e pela comitiva, encontrou também o cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone.
Bento XVI reiterou que a liberdade religiosa não prejudica os interesses do Estado,
e pediu paridade de direitos para os fiéis leigos que se empenham pelo bem da sociedade.
Por
sua vez, Napolitano manifestou apreço pela dimensão social e pública do fato religioso.
Depois, ambos reafirmaram a importância da colaboração entre Igreja e Estado para
promover o bem integral da pessoa.
A visita ao Palácio Apostólico, com duração
de duas horas, teve como momentos culminantes o colóquio privado, de aproximadamente
25 minutos, e, sobretudo, os discursos do Papa e do chefe do Estado italiano, pela
primeira vez no Vaticano desde a sua eleição à presidência da República, dia 10 de
maio passado.
O Pontífice reiterou a sua gratidão ao povo italiano, que _ disse
ele _ com "calor e entusiasmo" o acompanha desde o início de sua missão de Sucessor
de Pedro. Foram palavras acompanhadas de um significativo auspício dirigido à nação
italiano: "Que a nação italiana saiba progredir no caminho do progresso autêntico
e possa oferecer à comunidade internacional a sua preciosa contribuição, promovendo
sempre aqueles valores humanos e cristãos que fortalecem a sua história, a sua cultura,
o seu patrimônio intelectual, jurídico e artístico, que servem de base para a existência
e o compromisso de seus cidadãos."
Neste esforço _ assegurou o Papa _, "não
faltará, certamente, a leal e generosa contribuição dada pela Igreja católica, através
do ensinamento de seus bispos", com os quais em breve se encontrará em visita 'ad
limina'.
Citando a 'Gaudium et spes' (Constituição pastoral sobre a Igreja
no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II), Bento XVI ressaltou que a comunidade política
e a Igreja, embora "independentes e autônomas uma da outra em seu próprio campo",
estão a serviço "da vocação pessoal e social das mesmas pessoas humanas".
O
santo Padre falou, então, da importância de uma sadia colaboração entre Estado e Igreja:
"Embora plenamente distintos, são ambos chamados, segundo a sua respectiva missão
e com os próprios fins e meios, a servir o homem, que é ao mesmo tempo destinatário
da missão salvífica da Igreja e cidadão do Estado. É no homem que estas duas sociedades
se encontram e colaboram para melhor promover o seu bem integral."
Esta impostação
_ prosseguiu _ inspirou também o Acordo que traz modificações à Concordata Lateranense.
A seguir, Bento XVI ressaltou a dimensão religiosa da pessoa, a qual, segundo os ensinamentos
do Concílio Vaticano II, deve ser respeitada e promovida pela autoridade humana. Por
outro lado _ fez notar o Papa _, não se pode considerar garantido esse direito simplesmente
"quando não se faz violência ou não se intervém sobre as convicções pessoais". A liberdade
religiosa _ foi a sua observação _ "é um direito não somente do indivíduo, mas também
da família, dos grupos religiosos e da própria Igreja". Portanto _ precisou ainda
o Santo Padre _ o poder civil deve criar "condições propícias para o desenvolvimento
da vida religiosa", no interesse da própria sociedade.
"A liberdade, que a
Igreja e os cristãos reivindicam, não prejudica os interesses do Estado ou de outros
grupos sociais e não busca uma supremacia de autoridade sobre eles, mas é, sobretudo
a condição para que, como disse durante o recente Congresso Eclesial Italiano realizado
em Verona _ frisou o Pontífice _ , se realize aquele precioso serviço que a Igreja
oferece à Itália e a todo país onde ela está presente."
Este serviço à sociedade
_ confirmou ele _ se expressa em relação ao campo civil e político, vez que a Igreja,
embora não tendo a intenção de ser um agente político, tem, todavia, um "interesse
profundo pelo bem da comunidade política".
Em seguida, Bento XVI ressaltou
o papel dos fiéis leigos: "Essa contribuição específica é dada principalmente pelos
fiéis leigos, que, agindo com plena responsabilidade e fazendo uso do direito de participação
na vida pública à qual todos os cidadãos têm igual direito, se comprometem com outros
membros da sociedade a 'construir uma justa ordem na sociedade'."
O Presidente
Giorgio Napolitano conclui sua visita ao Vaticano, descendo à Basílica de São Pedro,
onde o chefe do Estado italiano se deteve durante alguns minutos diante do túmulo
do Apóstolo Pedro. Antes de despedir-se, o cortejo presidencial escutou o Hino pontifício
entoado pela Banda musical pontifícia, no patamar da Basílica Vaticana. (RL)