Cidade do Vaticano, 18 nov (RV) - "Uma voz clara em favor da tolerância"_ assim
falou o Alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Antônio Manuel
de Oliveira Guterres, referindo-se ao seu encontro, ontem, no Vaticano, com Bento
XVI.
Segundo Guterres, estamos assistindo, hoje, a um aumento do fenômeno da
intolerância, a uma visão populista na vida pública, nos meios de comunicação e em
alguns círculos da opinião pública de várias partes do mundo.
"Isto cria problemas
em relação à coesão social e à paz no mundo. A voz da Igreja, em favor da tolerância
e do respeito mútuo, em uma sociedade que está se tornando multiétnica, multicultural
e multireligiosa, é muito importante, sendo a melhor garantia para que o sistema de
acolhida seja preservado em todo mundo"_ ressaltou Guterres.
O Alto comissário
da ONU conversou também com as autoridades italianas, entre os quais o Ministro do
Interior, Giuliano Amato, o Ministro da Solidariedade Social, Paolo Ferrero, e o vice-ministro
das Relações Exteriores, Franco Danieli, ressaltando a ajuda fundamental que a Itália
pode dar na criação de um novo sistema de asilo em nível europeu, e de um espaço humanitário
de proteção no Mediterrâneo.
Guterres manifestou satisfação pela realidade
na ilha de Lampedusa, situada no sul da Itália, onde os direitos dos deslocados e
refugiados são respeitados, graças também à presença da ACNUR, Cruz Vermelha e das
Organizações internacionais para os migrantes (OIM). "Precisa-se melhorar, ao invés,
o sistema legislativo italiano em relação ao asilo, definido como dispersivo e fragmentário"
_ ressaltou.
Enfim, Guterres se referiu à sofrida região de Dafur, na África,
com mais de 230 refugiados na fronteira com o Chade, onde se encontram também cerca
de 50 mil deslocados internos. "Darfur representa um dos problemas humanitários mais
urgentes que deve ser afrontado hoje" _ concluiu Guterres. (MJ)