BENTO XVI AOS BISPOS ALEMÃES: RESPLANDEÇA NA IGREJA E NO ECUMENISMO A VERDADE DA FÉ
Cidade do Vaticano, 18 nov (RV) - Relançar o anúncio da fé cristã aos jovens
de hoje, impregnados de uma cultura secularizada e muitas vezes incapazes de formar
famílias sólidas. Promover obras eclesiais orientadas para a "verdade da fé" e não
para outras finalidades. Favorecer um ecumenismo feito não tanto de documentos em
comum, mas de testemunho comum e convincente. Foram os pontos fundamentais que Bento
XVI desenvolveu no discurso feito esta manhã ao segundo grupo de bispos alemães em
visita 'ad limina'.
Foi um discurso construído sobre quatro pontos e numerosas
indicações práticas. O Santo Padre disse que a sociedade alemã sofre, como muitas,
no Ocidente, os efeitos de um impressionante vazio espiritual. Os primeiros a sofrerem
a sua influência são os jovens _ observou o Papa _ que recebem uma "cultura secularizada"
e "totalmente orientada para as coisas materiais".
Desta observação, o Santo
Padre fez a primeira de suas análises, relacionada justamente "ao anúncio da fé aos
jovens do nosso tempo". Os Dias Mundiais da Juventude demonstraram que os jovens têm
"expectativa e disponibilidade para Deus e o Evangelho", portanto, a "resposta a essa
expectativa deve ser multiforme".
Para as crianças e os jovens, por exemplo,
o serviço ao altar como acólitos, pode levá-los a um primeiro contato com "a palavra
de Deus, com a vida íntima da Igreja". E também o "trabalho com os coros" _ acrescentou
Bento XVI _ pode levar os jovens à "educação para o belo" e à "alegria de participar
da missa".
Nesta perspectiva, o Papa convidou bispos e párocos a "irem ao encontro
dos movimentos eclesiais com muito amor", porque neles, jovens e adultos, "experimentam
um modelo de vida de fé como oportunidade para a vida de hoje".
A nova evangelização
dos jovens se liga estritamente a outro tema caro a Bento XVI: o "matrimônio e família".
O jovem descristianizado é uma pessoa que perdeu ou não conheceu "a ordem do matrimônio
como foi estabelecida pelo Criador".
Portanto _ observou o Papa _, considerando
poder-se "definir por conta própria em virtude de uma liberdade vazia", a própria
existência dos jovens, bem como a existência social, vacilam e nesse clima "torna-se
difícil para os jovens comprometer-se definitivamente", ou "aceitar filhos e dar-lhes
aquele espaço duradouro de crescimento e de maturação que pode se dar somente na família
fundada no matrimônio".
Vice-versa, ressaltou o pontífice, os jovens casais
devem ser ajudados "a dizer o 'sim' definitivo", que não é contrário à liberdade,
mas representa a sua maior oportunidade.
Outro capítulo importante disse respeito
ao ecumenismo, sobre o qual justamente ontem, sexta-feira, Bento XVI teve oportunidade
de refletir. "Todas as louváveis iniciativas sobre o caminho rumo à plena unidade
de todos os cristãos _ observou _ encontram na oração comum e na reflexão sobre as
Sagradas Escrituras um terreno fértil sobre o qual pode crescer e amadurecer a comunhão."
Se
a geografia espiritual da Alemanha impele a um diálogo mais estreito com luteranos
e reformados, em todo caso _ precisou Bento _, "o mundo tem o direito de esperar de
todos os cristãos uma profissão unívoca de fé em Jesus Cristo, o redentor da humanidade".
Isso
quer dizer _ prosseguiu_ que o compromisso ecumênico "não pode exaurir-se em documentos
conjuntos", mas se torna "visível e eficaz onde os cristãos de diversas Igrejas e
comunidades eclesiais, num contexto social cada vez mais alheio à religião, professam
juntos e de modo convincente os valores transmitidos pela fé cristã e os evidenciam
com força no seu agir político e social".
Em seguida, Bento XVI dirigiu amplamente
a sua atenção para as "obras caritativas eclesiais". A Igreja _ havia notado no início
de seu discurso _, "para se fiel ao Senhor e, portanto, a si mesma", deve ser "continuamente
renovada".
Entretanto, toda "reforma eclesial nasce do compromisso sério a
alcançar um conhecimento mais profundo da verdade da fé católica", do contrário, corre-se
o risco de cair num inútil "ativismo exterior". Eis, portanto, que, no momento no
qual a Igreja planeja a sua atividade pastoral, os responsáveis devem perguntar-se
_ afirmou o Papa _ se as obras são "essenciais" e, sobretudo, se os programas respondem
ao "critério da verdade da fé", a um transparente "dever da caridade" no estilo de
São Paulo.
"É importante dar atenção _ advertiu o Santo Padre _ que não caiam
em dependências políticas, mas que sirvam unicamente à sua tarefa de justiça e de
amor." Ademais, a elaboração de tais projetos não deve ser confiada a "frios planejadores",
mas a sacerdotes e colaboradores adequadamente preparados e que "se distingam pelo
'zelo pelas almas'". Os leigos, por sua vez, encontrem _ da sociedade à mídia, da
catequese aos serviços sociais _ o seu primeiro campo de apostolado, definido por
Bento XVI como "urgentemente necessário". (RL)