2006-11-13 08:49:18

EXORTAÇÃO DO PAPA: DIANTE DA FOME É NECESSÁRIO MUDAR ESTILO DE VIDA E DE CONSUMO


Cidade do Vaticano, 12 nov (RV) - Frente ao drama da fome que se agrava cada vez mais é preciso mudar o modelo de desenvolvimento global, mas é também necessário que cada um de nós adote um novo estilo de vida e de consumo, voltado para a solidariedade e a justiça, doando não somente daquilo que é supérfluo.

Foi, em síntese, o que disse o papa ao meio-dia na oração do Angelus, da janela de seus aposentos que dá para a Praça de São Pedro, recordando que na oração ensinada por Jesus o pão é "nosso", isto é, de todos, e não somente "meu". Apesar da chuva contínua, numerosos os fiéis e peregrinos encontravam-se reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana.

Bento XVI iniciou sua alocução partindo do Dia de Ação de Graças, que se celebra em toda a Itália este ano com o tema "A terra: um dom para toda a família humana". O papa recordou o costume das famílias cristãs de ensinar "as crianças a agradecer sempre ao Senhor, antes das refeições, com uma breve oração e o sinal da cruz. Este costume _ exortou o papa _ deve ser conservado ou redescoberto, pois educa para não dar por certo o pão de cada dia, mas para reconhecer nele um dom da Providência".

"Devemos nos habituar a bendizer o Criador por todas as coisas, pelo ar e pela água, preciosos elementos que são fundamentos da vida em nosso planeta, bem como pelos alimentos que Deus nos oferece para o nosso sustento, frutos da fecundidade da terra. Jesus ensinou seus discípulos a rezar pedindo ao Pai celeste não o 'meu', mas o 'nosso' pão diário. Jesus quis desse modo que cada homem se sentisse responsável por seus irmãos, para que a ninguém faltasse o necessário para viver. Os frutos da terra são um dom de Deus para toda a família humana" _ exortou o pontífice.

Bento XVI falou ainda do drama da fome que "não dá sinal de arrefecimento, mas, pelo contrário, de certa forma, está se agravando", apesar dos encontros mundiais de cúpula organizados para isso.

O último Relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, ndr) _ ressaltou o papa _ "confirmou aquilo que a Igreja sabe muito bem a partir da experiência direta das comunidades e dos missionários, ou seja, que mais de 800 milhões de pessoas vivem em estado de subalimentação e muitas delas, sobretudo crianças, morrem de fome".

O que fazer então? "Certamente é necessário eliminar as causas estruturais ligadas ao sistema de governo da economia mundial, que destina a maior parte dos recursos do planeta a uma minoria da população. Tal injustiça foi estigmatizada em diversas ocasiões por meus venerados predecessores, os servos de Deus Paulo VI e João Paulo II. Para incidir em larga escala é necessário 'converter' o modelo de desenvolvimento global; a exigência vem não somente do escândalo da fome, mas também das emergências ambientais e energéticas. Todavia, cada pessoa e cada família pode e deve fazer algo para aliviar a fome no mundo adotando um estilo de vida e de consumo compatível com a salvaguarda da criação e com critérios de justiça para com quem cultiva a terra em cada país."

Portanto _ afirmou o Pontífice _, é necessário empenhar-se "concretamente para derrotar o flagelo da fome" promovendo "em todas as partes do globo a justiça e a solidariedade".

Após a recitação do Angelus, o Santo Padre _ nas saudações em várias línguas aos diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro _ fez referência ao Evangelho deste domingo no qual uma pobre viúva ofereceu ao tesouro do Templo tudo aquilo que tinha para viver (episódio conhecido como 'o óbolo da viúva', ndr).

"Que vocês possam doar o seu tempo, a sua disponibilidade, vocês mesmos, e não somente o seu supérfluo, para que o Reino de Deus cresça em meio aos homens."

A seguir, o pontífice saudou os Cooperadores Salesianos vindos a Roma de várias nações para o Congresso Mundial, por ocasião dos 150 anos da morte da Serva de Deus Margarida Occhiena, mãe de Dom Bosco. "Do Céu _ disse o Papa _ 'Mãe Margarida' proteja sempre todos vocês, caros amigos, e a grande família salesiana."

Dirigindo-se aos fiéis poloneses, o papa recordou que ontem, sábado, celebraram o aniversário da reconquista da liberdade do próprio país. Bento XVI manifestou-se "alegre pelo dom da liberdade, pela qual tantos se sacrificaram, e até mesmo deram a vida. Possa a Polônia _ auspiciou _ desenvolver-se para o bem de todos os seus cidadãos, permanecendo fiéis ao Evangelho e à tradição dos pais".

Por fim, ao saudar a representação de diretores e estudantes dos colégios universitários de inspiração cristã, que nestes dias refletiram sobre a experiência universitária _ "recurso e desafio para a vida afetiva dos jovens" _, fez votos de que possam "testemunhar em cada universidade o amor de Cristo que torna o amor humano forte e livre".

Por fim, o Santo Padre concedeu a todos os fiéis e peregrinos presentes ao Angelus dominical, a sua bênção apostólica. (RL)








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