CNBB PUBLICA NOTA ESCLARECEDORA SOBRE 'ORTOTANÁSIA'
Brasília, 13 nov (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB,
divulgou um comunicado a respeito da chamada "ortotanásia". Referindo-se à Encíclica
Evangelium vitae (O Evangelho da vida, 1995), de João Paulo II, dom Odilo Scherer,
secretário-geral da Conferência, esclarece a diferença entre este termo e a eutanásia.
"A
ortotanásia se distingue da eutanásia por ser a decisão de renunciar ao chamado 'excesso
terapêutico', ou seja, a certas intervenções médicas já inadequadas à situação real
do doente, porque não proporcionadas aos resultados que se poderiam esperar, ou ainda
porque demasiado pesadas para ele e para sua família. Nessas situações, quando a morte
se anuncia iminente e inevitável, pode-se, em consciência, renunciar a tratamentos
que dariam somente um prolongamento precário e penoso da vida, sem, contudo interromper
os cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes".
Mais adiante,
no mesmo documento, depois de recomendar que os médicos façam um sério discernimento
sobre as condições do paciente e dos meios terapêuticos à disposição, o papa afirma:
"A renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio
ou à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana diante da morte". Já
Pio XII, em 1957, afirmava que é lícito suprimir a dor por meio de narcóticos, mesmo
com a conseqüência de limitar a consciência e abreviar a vida, "se não existem outros
meios e se, naquelas circunstâncias, isso em nada impede o cumprimento de outros deveres
religiosos e morais".
Neste caso, a morte não é desejada ou procurada, mas
existe o risco real: pretende-se simplesmente aliviar a dor de maneira eficaz, recorrendo
aos analgésicos postos à disposição pela medicina.
"Contudo, não se deve privar
o paciente da consciência de si mesmo, sem motivo grave. Quando se aproxima a morte,
as pessoas devem estar em condições de poder satisfazer as suas obrigações morais
e familiares, e devem, sobretudo poder preparar-se com plena consciência para o encontro
definitivo com Deus" (n° 65). Esta é a posição oficial da Igreja, e também a da CNBB.
(CM)