Cuiabá, 10 nov (RV) - Os sete jurados do segundo julgamento relacionado ao
caso de Vicente Cañas Costa definiram por seis votos a um que o missionário jesuíta
foi assassinado e que foram utilizados porretes ou arma branca (como faca) para causar
sua morte. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) informa que, no entanto, por
cinco votos a dois, o mesmo júri inocentou o réu José Vicente da Silva, acusado de
ser um dos executores do crime.
O resultado saiu na noite desta quarta-feira,
08 de novembro, depois de três dias de julgamento, realizado no auditório da Justiça
Federal, em Cuiabá, Estado do Mato Grosso, com a presidência do juiz Jéferson Schneider.
O Ministério Público Federal anunciou que vai recorrer, da mesma maneira como fez
em relação ao julgamento realizado entre 24 e 29 de outubro, quando foi inocentado
Ronaldo Antonio Osmar, da acusação de ser um dos intermediadores do crime.
"A
justiça tardia não se efetiva", afirmou o procurador Mario Lucio Avelar, que coordenou
a acusação, ao final do julgamento. "O inquérito teve a participação de um dos acusados,
veio depois de anos para a Polícia Federal e esta não teve a rapidez necessária. Ele
demonstra a incompetência das polícias Judiciária e Federal. E demonstra que, quando
há interesses políticos e econômicos, eles são mais fortes que as forcas locais" _
afirmou.
A assistente de acusação, Michael Nolan, concorda com a dificuldade
de trabalhar em um processo com problemas de condução desde as primeiras investigações.
"Não há uma única prova nos autos feitos pela polícia. Eles não produziram provas"
_ disse. As provas vieram apenas anos mais tarde, através de investigações paralelas
conduzidas por entidades indigenistas.
O juiz que presidiu os trabalhos, Jeferson
Schneider, avaliou que o processo teve pontos positivos e negativos. "Negativo foi
o tempo que durou. É senso comum que os órgãos responsáveis pela justiça no Brasil
são lentos. Isso faz com que valores protegidos pela Constituição Federal, entre eles
a vida, sejam desrespeitados. Um processo desses não leva a lugar nenhum. Não constrói
uma sociedade e gera sensação de impunidade. O lado positivo é que finalmente se chegou
ao fim do processo. Meu compromisso era terminar o processo, levar a júri. E isto
a Justiça conseguiu." (CE)