BISPOS FRANCESES APÓIAM RECONCILIAÇÃO COM LEFREVIANOS
Paris, 10 nov (RV) - Os bispos católicos da França manifestaram hoje o seu
apoio ao cardeal Jean-Pierre Ricard, presidente do episcopado, na tentativa de conduzir
uma reconciliação com os lefebvrianos, "na verdade e na caridade". No final da assembléia
de outono da Conferência Episcopal Francesa (CEF), os participantes sublinharam ainda
que esperam da parte dos seguidores de Marcel Lefebvre um "gesto inequívoco" de obediência
à Igreja dos nossos dias.
Numa mensagem dirigida ao presidente da CEF, 110
Bispos franceses manifestam a sua "confiança fraterna" ao cardeal Ricard, e asseguram
à Santa Sé o desejo dos prelados católicos da França de trabalhar para a reconciliação
na verdade e na caridade com todos os que permanecem ligados a formas litúrgicas anteriores
ao Concílio Vaticano II.
No início desta semana, o cardeal Jean-Pierre Ricard
informou que o papa ainda não assinou o "motu proprio" (decreto pessoal) para a aprovação
universal do uso do Missal de São Pio V (com a Missa em Latim), desmentindo assim
algumas notícias que davam a assinatura como fato consumado. A Comissão Ecclesia
Dei, da qual o cardeal Ricard faz parte, ainda vai se pronunciar sobre o tema. A "Ecclesia
Dei" é uma comissão que tem o objetivo de facilitar a plena comunhão eclesial dos
fiéis ligados à Fraternidade fundada por Lefebvre, "conservando suas tradições espirituais
e litúrgicas", em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962.
O
Missal de São Pio V, que a Igreja Católica usava até essa data, foi substituído pela
liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica
do Concílio Vaticano II. Contém a Missa celebrada em latim segundo a antiga tradição,
que atualmente, só pode ser celebrada com permissão do bispo local.
A aprovação
universal significaria que a Missa do antigo rito poderá ser celebrada livremente
em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem. Este poderia ser um passo importante
para resolver o cisma lefebvriano, pois a possibilidade de celebrar livremente a Missa
de São Pio V é um dos pontos de tensão nesta questão.
No passado mês de março,
diante dos cardeais de todo o mundo, Bento XVI confirmou sua preocupação pela reconciliação
com a Fraternidade São Pio X, fundada pelo arcebispo Lefebvre. O Santo Padre poderia
levantar a excomunhão decretada por João Paulo II em 1988 contra os bispos da Fraternidade,
e assinar um projeto para transformar a Fraternidade numa "administração apostólica",
dependente diretamente do papa. (CM)