Resistencia, 09 nov (RV) - O arcebispo emérito de Resistencia, na Argentina,
dom Carmelo Juan Giaquinta, considerou que as recentes eleições em Misiones demonstraram
que a sociedade civil segue sendo "maltratada", e destacou que o povo deu "um exemplo
de resistência democrática, fruto de uma boa catequese social".
O bispo assinalou
que "a mentalidade do poder político concentrado em grupos restritos também se refletiu
na campanha para reeleição indefinida para governador da província de Misiones". Dom
Giaquinta se queixou de que "o poder político, em vez de ser um serviço à sociedade
civil se tornou absoluto e que muitos desejam eternizá-lo de qualquer maneira".
"Para
sermos propulsores da democracia, precisamos revisar a nossa catequese. Não é improvável
que nela existam ausências que expliquem, em parte, o motivo da conduta anti-social
de muitos cristãos que habitualmente desobedecem às leis" _ declarou o prelado.
"Mas
também precisamos verificar se nela não estão elementos que promovam uma concepção
idolátrica da autoridade, interpretando de maneira errônea alguns trechos bíblicos,
como a passagem do apóstolo Paulo, por exemplo, que diz: 'Não há autoridade que não
provenha de Deus... Quem resistir à autoridade se opõe ao plano estabelecido por Deus',
o que poderia levar, muitas vezes, os cristãos a tomarem atitudes submissas frente
aos abusos de poder, e inclusive a compactuar com o autoritarismo e totalitarismo"
_ concluiu.
Em nota oficial sobre o processo eleitoral, a Conferência Episcopal
Argentina declarou que a candidatura de dom Joaquín Pina Batllevell, bispo emérito
de Puerto Iguazú, no último referendo de Misiones, foi um ato institucional e não
político-partidário. Dom Pina esteve à frente da coalizão política independente de
oposição ao projeto de reeleição indeterminada do governador da província de Missiones.
O
porta-voz da Conferência Episcopal recordou que historicamente a Igreja na Argentina
participa em questões institucionais do país. Lembrou a figura do franciscano Mamerto
Esquiú, que antes de tornar-se bispo de Córdoba, participou da Constituinte de 1853,
após a guerra civil. Em nove de julho daquele ano, pronunciou um famoso discurso pela
concórdia e a paz entre os argentinos. Dom Pina já declarou que não ocupará cargos
políticos. (CE)