SACERDOTE VERBITA DENUNCIA AMEAÇAS DE MORTE POR TERRAS NA AMAZÔNIA
Salvador, 07 nov (RV) - O valor estipulado pelo assassinato do missionário
francês, frei Henri Burin dez Roziers, de 75 anos, que atua no Pará e trabalha com
a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e pela morte de qualquer religioso que atue em
favor dos direitos humanos naquele Estado, é de R$ 100 mil e R$ 50 mil, respectivamente.
O
padre Henri Burin dez Roziers é defensor dos direitos humanos na região de Xinguara,
combatendo sobretudo o trabalho escravo.
A denúncia foi feita pelo missionário
verbita, sacerdote e advogado, José Boeing, ao participar do painel "Defesa da Defesa
no Brasil", parte da programação do 50º Congresso da União Internacional dos Advogados
(UIA), realizado em Salvador (BA). O padre Boeing também é ligado à CPT e vive em
Xinguara, no Pará. Ele atuava na defesa dos direitos de trabalhadores do Pará ao lado
da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada a tiros em 12 de fevereiro
de 2005 no município de Anapu.
Segundo ele, estes valores são de conhecimento
de qualquer grileiro, fazendeiro e trabalhador que viva na região de conflitos pela
posse de terras no sudeste do Pará. Além dos valores para a eliminação de alvos como
o frei Henri dez Roziers e de padres como ele, Boeing citou ainda os "preços" normalmente
conhecidos para assassinatos de sindicalistas _ R$ 10 mil _ e de posseiros e lavradores
_ R$ 5 mil _ no Estado.
Ainda segundo o alerta feito pelo padre Boeing, o frei
Henri Burin dez Roziers é hoje o principal integrante da lista de marcados para morrer
no sudeste do Pará.
Ele relatou que, de 1994 a 2004, foram registrados 173
assassinatos e 501 ferimentos a envolvidos na luta pelos direitos humanos e contra
grileiros no Pará. Os dados integram um relatório que foi entregue pela CPT à Organização
das Nações Unidas (ONU), e que resultou na orientação do órgão internacional para
que fosse criada no Estado a Comissão de Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos.
Uma semana depois da criação dessa Comissão, Dorothy Stang foi morta em Anapu. "Ela
morreu porque apresentou denúncias contra as mesmas pessoas que a mataram", disse
o religioso.
"Não temos forças para defender os direitos dos trabalhadores
da Amazônia pela via legal, pela via judicial. Precisamos de ajuda", pediu o padre.
Durante o evento, Boeing abordou, ainda, questões como a concentração de terras no
Pará, a tomada de áreas por grileiros, a exploração ilegal de fontes naturais na Amazônia,
medidas violentas e expulsões em série de trabalhadores sem-terra. (CE)