2006-11-07 10:56:45

NENHUM CONTRASTE ENTRE FÉ E CIÊNCIA: BENTO XVI RECEBE MEMBROS DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS


Cidade do Vaticano, 06 nov (RV) - Não há nenhum contraste entre fé e ciência, mas o progresso técnico-científico não deve levar o homem a pensar que não precisa mais de Deus a ponto de privar o ser humano da sua própria humanidade e dignidade. Foi o que, em síntese, disse o papa, recebendo esta manhã, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes da Assembléia Geral da Pontifícia Academia das Ciências, que se realizou no Vaticano com o tema "A previsibilidade na ciência, cuidados e limites".

A assembléia geral afrontou questões complexas: das previsões meteorológicas às mudanças climáticas, da previsão dos terremotos à queda dos corpos celestes e até o problema da difusão de pandemias _ como a gripe aviária ou o vírus SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave).

O papa esclareceu que não há nenhum conflito entre ciência e fé se se olha para as grandes conquistas científicas em favor da humanidade. Mas ressaltou que o "progresso da ciência e especialmente a sua capacidade de dominar a natureza com a técnica, foi por vezes ligado a um correspondente regresso da filosofia, da religião e até mesmo da fé cristã".

De fato, alguns viram no progresso da ciência moderna e da técnica uma das principais causas da secularização e do materialismo: por que _ se perguntam esses _ "invocarmos a autoridade de Deus" sobre a natureza "quando a ciência se mostrou capaz de fazer a mesma coisa?"

"O homem _ acrescentou o pontífice _ não pode colocar na ciência e na técnica uma confiança tão radical e incondicional a ponto de acreditar que o progresso científico e tecnológico possa explicar todas as coisas e realizar completamente as suas necessidades espirituais e existenciais. A ciência não pode dar uma resposta exaustiva às perguntas fundamentais da vida humana, tais como sobre o sentido da vida e da morte, sobre os valores últimos e sobre a natureza do próprio progresso."

"Os métodos científicos de pesquisa _ disse o papa citando o Concílio Vaticano II _ podem ser erroneamente elevados a norma suprema de busca da verdade" criando "o perigo de que o homem, confiando demasiadamente nas descobertas de hoje, pense bastar a si mesmo e não busque mais os valores superiores".

Em seguida, Bento XVI ressaltou a questão das responsabilidades éticas da ciência: "as suas conclusões _ frisou ele _ devem ser guiadas no respeito pela verdade e pela honesta consciência quer dos cuidados, quer dos limites inevitáveis do método científico".

Certamente _ prosseguiu o Santo Padre _, "isso significa evitar previsões inutilmente alarmantes quando estas não têm o suporte de dados suficientes (...), mas significa também evitar o contrário, isto é, o silêncio, provocado melo medo, diante de verdadeiros problemas".

Em seguida, o pontífice referiu-se à influência dos cientistas "na formação da opinião pública", um papel que não deve ser enfraquecido "pela pressa indevida ou pela busca de publicidade superficial".

Citando João Paulo II, Bento XVI observou que "os cientistas justamente porque sabem mais, são chamados a servir mais", usando seus conhecimentos "sabiamente, para o bem de toda a família humana".

Depois, o pontífice ressaltou as expectativas atuais da humanidade em relação às "ameaças constantes ao ambiente que atingem populações inteiras", e a "necessidade urgente de descobrir recursos energéticos alternativos seguros, disponíveis a todos".

"Os cientistas _ completou o papa _ encontrarão o apoio da Igreja nesta matéria." "A ciência, por sua vez _ advertiu ele _ jamais seja utilizada contra a vida humana e a sua dignidade"; deve, ao invés, "colocar-se sempre a seu serviço". (RL)








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