CARDEAL RICARD: MOTU PROPRIO QUE LIBERA MISSA EM LATIM VISA COLOCAR FIM AO CISMA COM
LEFEBVRIANOS
Cidade do Vaticano, 06 nov (RV) – "A decisão de liberar para os sacerdotes
a possibilidade de rezar a missa segundo o Missal de 1962 ainda não foi tomada. O
Motu proprio anunciado não foi ainda assinado. O projeto relativo ao Motu
proprio é objeto de diversas consultas. Por isto, ainda podemos exprimir os nossos
temores e os nossos desejos a respeito". Foi o que afirmou o cardeal Jean-Pierre Bernard
Ricard, arcebispo de Bordeaux e presidente da Conferência Episcopal Francesa, durante
a abertura da 43ª Assembléia Geral do episcopado francês, atualmente se realizando
em Lourdes.
O objetivo principal da liberação seria de acabar com o cisma dos
lefebvrianos e não de rever a orientação do Concílio sobre o tema. "Não está em curso
uma reforma da reforma litúrgica"_ explicou o purpurado. Alguns órgãos da imprensa
internacional haviam noticiado em outubro que o documento já havia sido assinado,
entretanto Bento XVI ainda não concluiu o texto e nem chegou a um consenso sobre ele.
Dom
Ricard é membro da Pontifícia Comissão "Ecclesia Dei", encarregada de tratar com os
tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, os verdadeiros destinatários do Motu
próprio, a sua reentrada na Igreja Católica. Recentemente realizou-se um encontro
entre ele e Bento XVI para tratar do tema.
A decisão de liberar a celebração
da Missa em latim _ anunciada há algumas semanas _ recebeu muitas críticas por parte
de bispos e sacerdotes franceses, alemães e belgas. Alguns deles questionaram "se
esta acolhida dos grupos que sempre rejeitaram os ensinamentos do Concílio Vaticano
II e a sua reforma litúrgica, não acabarão relativizando as orientações conciliares
e colocando em discussão todo o trabalho apostólico desenvolvido neste campo em quarenta
anos".
A estes questionamentos, o cardeal Ricard respondeu que "o projeto do
Motu proprio não pretende criticar o Missal de Paulo VI e nem realizar uma
reforma da reforma litúrgica. Os Livros litúrgicos redigidos e promulgados após o
Concílio constituem a forma ordinária e habitual do rito romano.
"Este projeto
_ explicou o purpurado _ se insere, isto sim, no desejo de Bento XVI de fazer tudo
o que está em seu poder para colocar fim ao cisma com os lefebvrianos."
"Acolher
alguém na comunhão eclesial não quer dizer colocar em discussão o trabalho pastoral
no seu conjunto. Não! A Igreja não muda a sua orientação. Bento XVI não pretende retornar
às orientações que o Concílio Vaticano II deu à Igreja. Sobre isto ele se comprometeu
solenemente".
Dom Ricard concluiu, explicando aos bispos franceses, que esta
"é a ocasião para uma releitura aprofundada do Concílio, uma releitura espiritual
e não ideológica". (JK)