Possibilidades e limites das Ciências, responsabilidade dos cientistas: Bento XVI
aos membros da Academia Pontifícia das Ciências
( 06/11/2006 -RV )“Precisamente porque “conhecem mais”, os cientistas estão chamados
a “servir mais”. Uma vez que a liberdade de que gozam na investigação lhes dá acesso
a conhecimentos especializados, eles têm a responsabilidade de usar sapientemente
tais conhecimentos, em benefício de toda a família humana”: esta advertência que João
Paulo II, dirigia, em 2002, aos membros da Académica Pontifícia das Ciências, repetiu-as
nesta segunda de manhã Bento XVI, recebendo em audiência um grupo de uns setenta participantes
na assembleia plenária desta Academia Pontifícia, consagrada desta vez ao tema “Previsibilidade
na Ciência: exactidão e limites”.
“O crescente “progresso” da ciência,
especialmente a sua capacidade de dominar a natureza através da tecnologia, tem por
vezes sido posto em relação com uma correspondente “retirada” da filosofia, da religião
e mesmo da fé cristã” – observou o Papa. “A Igreja – admitiu Bento XVI – reconhece
que com a ajuda da ciência e da tecnologia o homem estendeu o seu domínio ao conjunto
da natureza, produzindo efeitos outrora atribuídos aos poderes celestes”. Por outro
lado, não existe um conflito inevitável entre fé sobrenatural e progresso científico,
até porque o ponte de partida inicial da revelação bíblica é a afirmação de que Deus
criou seres humanos dotados de razão, colocando-os acima de todas as criaturas do
mundo”.
Em todo o caso, a ciência conhece os seus limites. O homem - advertiu
Bento XVI - não pode colocar na ciência e na tecnologia uma confiança tão radical
e incondicional que o leve a acreditar que o progresso científico e tecnológico pode
explicar tudo e satisfazer completamente as suas necessidade espirituais e existenciais.
A ciência não pode substituir a filosofia e a revelação fornecendo uma resposta exaustiva
às questões mais radicais do homem: questões acerca do sentido do viver e do morrer,
acerca dos valores absolutos, acerca da natureza do próprio progresso”.