BENTO XVI NO ANGELUS: "JESUS REVOLUCIONOU O SENTIDO DA MORTE"
Cidade do Vaticano, 05 nov (RV) - Bento XVI, ao meio-dia deste domingo, assomou
à janela de seu apartamento, no último andar da Residência Apostólica Vaticana, para
o habitual encontro dominical do Angelus, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça
São Pedro.
Antes da oração mariana, o Santo Padre dirigiu umas palavras aos
presentes, que, apesar do tempo instável e frio, eram numerosos e ansiosos para vê-lo
e receber a sua bênção.
Em sua alocução dominical, o pontífice recordou, inicialmente,
que, nestes dias, se celebra, em muitas paróquias a 'oitava dos defuntos': "Trata-se
de uma ocasião propícia para recordar, na oração, os nossos entes queridos e meditar
sobre a realidade da morte. A chamada 'civilização do bem-estar' busca, muitas vezes,
remover o verdadeiro significado da morte da consciência das pessoas, tomadas pelas
preocupações da vida diária. Morrer, na verdade, faz parte da vida e pode acontecer
a qualquer momento" _ recordou o papa.
"Porém _ frisou o Pontífice _, apesar
de todas as nossas distrações, a perda de uma pessoa querida leva-nos a defrontar-nos
com o 'problema', encarando a morte como uma presença radicalmente hostil e contrária
à nossa vocação natural à vida e à felicidade."
O papa reforçou: "Jesus revolucionou
o sentido da morte". "Ele o fez não somente com o seu ensinamento, mas enfrentando-a,
ele mesmo". "O Filho de Deus quis participar da nossa condição humana, a fim de abri-la
à esperança". Referindo-se à morte, Bento XVI usou uma expressão muito particular:
"a morte não é mais a mesma: ficou privada de seu veneno". E ainda: "O amor de Deus
operante em Jesus deu um sentido novo à existência do homem, transformando até mesmo
o seu morrer."
Quem se compromete a viver como Jesus, "é libertado do medo
da morte". Ela já não se apresenta mais como "inimiga", mas, como escreve São Francisco
no Cântico das criaturas _ disse o papa _, assume o rosto amigo de uma "irmã", a ponto
de poder bendizer ao Senhor: "Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte
corporal".
"Nossa fé nos recorda: Não devemos ter medo da morte corporal: quer
vivamos, quer morramos, estamos com o Senhor" _ admoesta o papa. "Devemos ter medo,
ao invés, da morte da alma, que o Apocalipse chama de 'segunda morte'. De fato, quem
morre em pecado mortal, sem se arrepender, fechado na orgulhosa rejeição do amor de
Deus, se auto-exclui do reino da vida".
Por fim, o Santo Padre fez uma invocação
a Nossa Senhora "a fim de que nos ajude a estar prontos para deixar a vida e depois
morar eternamente com o Senhor".
Depois de rezar a oração mariana do Angelus,
o Santo Padre concedeu a todos a sua bênção apostólica.
Ao término da oração
mariana de todos os domingos, Bento XVI passou a saudar os diversos grupos de peregrinos,
presentes na Praça São Pedro, em seis línguas.
Antes de se despedir, o Bispo
de Roma afirmou que acompanha, com viva preocupação, as notícias sobre a grave deterioração
da situação na Faixa de Gaza, na Terra Santa. "Desejo expressar a minha solidariedade
para com as populações civis que sofrem as conseqüências dos atos de violência. Peço-lhes
que se unam à minha oração, para que Deus, onipotente e misericordioso, ilumine as
autoridades israelenses e palestinas, como aos responsáveis pela Região, a fim de
que façam cessar o derramamento de sangue; que multipliquem as iniciativas de socorro
humanitário e favoreçam a retomada imediata de negociações diretas, sérias e concretas".
A
propósito, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, afirmou, hoje, que a operação
militar em Gaza só acabará quando forem cumpridos os objetivos fixados por Israel
e que não tem intenção de anunciar quando a mesma chegará ao fim.
A morte,
hoje, de um miliciano do Hamas, na localidade de Beit Hanun, elevou para 45 o número
de palestinos mortos na Faixa de Gaza pelo Exército israelense, desde que começou,
na quarta-feira, uma nova operação na região.
Por sua vez, o vice-ministro
de Defesa israelense, Efraim Sne, disse que as ameaças feitas por dirigentes do grupo
islâmico Hamas, alegando que a atual ofensiva militar em Gaza põe em perigo a libertação
do soldado Gilad Shalit, são uma tentativa de dissuadir Israel para que suspenda a
operação. (MT)