ARCEBISPO DE ARGEL: APESAR DOS ATENTADOS IGREJA ARGELINA VIVE PERÍODO DE NOVAS INICIATIVAS
Argel, 31 out (RV) – Ontem, na Argélia, 3 pessoas morreram e outras 24 ficaram
feridas em dois atentados verificados no país. Presume-se que o responsável pelos
atentados seja o GSPC, Grupo Salafita para a Pregação e o Combate, o braço de Al-Qaeda
na Argélia.
Segundo o arcebispo da capital Argel, dom Henri Antoine Marie Teissier,
os dois atentados talvez tenham sido perpetrados por alguns integralistas que querem
manifestar a própria presença, devido a festa de "Todos os Santos" que se celebrará
amanhã. O prelado ressaltou ainda que a vida quotidiana em Argel é normal e que não
vê perigo de um retorno às violências, como há alguns anos atrás.
Segundo o
prelado, a grave crise da sociedade argelina, causou mais de 150 mil vítimas, entre
os quais sacerdotes, religiosos e religiosas, o bispo de Oran, dom Pierre Lucien Claverie,
assassinado em agosto de 1996, e os monges de Tibhirine. "Apesar dos atentados, neste
momento a Argélia está vivendo um período rico de novas iniciativas _ ressaltou o
prelado _, pois estamos acolhendo novos missionários e missionárias, mas também leigos
de diferentes nações, que vêm como voluntários para ajudar na sociedade argelina".
Dom
Teissier sublinhou ainda que em sua diocese, 500 estudantes africanos conseguiram
bolsas de estudos e existem outros 800 a 900 espalhados nas universidades de outras
dioceses. "Procuramos ser uma Igreja do povo _ salientou _, isso quer dizer que nós
trabalhamos com o povo argelino e para o povo argelino. De modo particular nos empenhamos
no campo social, em favor das mulheres e das crianças deficiente. No campo cultural,
construímos dez bibliotecas para os estudantes. O povo argelino é muçulmano, mas isso
não quer dizer que nós não podemos ter iniciativa. Respeitamos as convicções de cada
um, mas oferecemos também o nosso testemunho como cristãos".
Segundo o prelado,
existem os grupos tradicionalistas que pensam que os muçulmanos não devem aceitar
os cristãos ou construir com eles uma relação de amizade. Mas há outros que os aceitam.
"Procuramos dar a esta sociedade a prova de que os cristãos podem respeitar as convicções
da população _ ressaltou Dom Teissier _ e trabalhando juntos, nasce a confiança e
quando existe confiança, nasce uma amizade verdadeira. Assim, unidos, podemos nos
empenhar para o bem comum". (MJ)