REPRESENTANTE VATICANO NA ONU SATISFEITO PELO VOTO SOBRE O CONTROLE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
DAS ARMAS CONVENCIONAIS
Nova York, 30 out (RV) - A Santa Sé, através de seu observador permanente na
ONU, o arcebispo Celestino Migliore, expressou grande satisfação pela aprovação na
sede do organismo, em Nova Yorque, quinta-feira passada, com uma esmagadora maioria,
de um projeto de resolução para a redação de um tratado sobre o controle do comércio
internacional das armas convencionais. Os trabalhos se realizaram no âmbito da comissão
de desarmamento e segurança: 139 votos a favor do projeto, contrários somente os EUA.
Vinte e seis Estados se abstiveram, entre os quais China, Rússia, Índia e Paquistão.
Segundo a Anistia Internacional, o voto "cria oportunidade histórica para frear o
comércio irresponsável e imoral de armas".
Dom Celestino Migliore, em entrevista
concedida à Rádio Vaticano falou desta alegria pela aprovação do projeto: "Muitos
de nós saudamos esse voto com grande favor. É claro, a estrada é ainda muito longa.
Trata-se apenas de uma resolução que dá o mandato ao Secretário-geral da ONU para
preparar um relatório sobre o comércio das armas convencionais dentro de um ano. Depois,
um grupo de trabalho começará a trabalhar sobre essa questão. Trata-se, no entanto,
de uma vitória importantíssima em nível humano, diria, sobretudo considerando a dimensão
humana das tantas vítimas causadas pelas armas. A Santa Sé, de sua parte, foi muito
ativa no apoio a essa iniciativa."
Interrogado sobre a votação majoritária,
excluindo-se apenas os Estados Unidos, dom Migliore afirmou: "O comentário é que entre
os 139 que votaram a favor estão muitos países produtores, grandes produtores de armas
convencionais, porque obviamente esse tratado não proibirá a produção e o comércio
de armas, mas os regulará. Agora também os grandes produtores desejam ter um quadro
preciso para o comércio e a transferência das armas, e penso que esse seja um sinal
positivo."
Pronunciando-se sobre esta mobilização internacional no processo
de desarmamento, dom Migliore observou que "estamos falando das armas convencionais;
depois existe toda a questão das armas não convencionais, como as armas nucleares,
radiológicas e químicas e sobre isso também a Santa Sé está apoiando muitíssimo os
Estados e as organizações da sociedade civil, que lutam a fim de que, por exemplo,
entre finalmente em vigor o tratado que proíbe os testes nucleares e que proíbe a
um Estado nuclear atacar com armas nucleares um Estado não nuclear, e para que se
chegue o mais rápido possível a um tratado sobre o material físsil… Eis, portanto
que são muitos os temas a seres discutidos. É um período de estagnação do desarmamento
de modo geral, porém, existem muitos motivos de esperança, como esse voto na ONU,
que nos animam a portar avante essa causa". (RL)