S.O.S. PARA OS CASAIS: NÃO ESCONDER OS PROBLEMAS SEXUAIS
Roma, 30 out (RV) - A Igreja italiana estende a mão aos casais com problemas
de caráter sexual. A comunidade católica não pode continuar subestimando as dificuldades
dos casais ligadas à sexualidade, que vão aumentando cada vez mais. O convite é para
não deixar ocultas as dificuldades e a confiar nos especialistas. É o que emerge da
pesquisa publicada este domingo na coluna "Nós, pais e filhos", suplemento mensal
do jornal católico 'Avvenire' dedicado à vida familiar, que sob o título "SOS sexo"
volta o olhar para o sofrimento dos casais. No artigo, uma constatação preocupante:
"nos consultórios de inspiração cristã são escassos os sexólogos".
O jornal
do episcopado italiano interpreta desta forma uma preocupação pelos casos de insatisfação
sexual dos casais, pelos casos de cônjuges que não têm mais relações sexuais devido
a disfunções tanto do homem como da mulher, até agora raramente explicitadas em âmbito
católico. "Um sofrimento quase sempre mantido às ocultas, e que põe em risco o futuro
do casal".
"Na maior parte dos casos _ se lê no texto _ os casais carregam
consigo um mal-estar, se martirizam no sofrimento por uma vida sexual insatisfatória,
se culpam mutuamente e frequentemente carregam o peso sozinhos".
Os homens
se sentem golpeados por "uma cultura que pede prestações ilimitadas" e as mulheres
são vítimas "de uma vida frenética, sem tempo para o descanso e, portanto, com efeitos
deprimentes também para a sexualidade".
É por isso que "o mal-estar sexual
não deve permanecer escondido, negado, mas precisa ser analisado, discutido pelo casal
e, se for o caso, levado para fora, a um especialista". "O ideal _ segundo o jornal
da Conferência Episcopal Italiana _ seria aproveitar da competência de um sexólogo,
capaz de entender o problema na totalidade da pessoa. Porém _ aqui está a dificuldade
_, a figura do sexólogo nos consultórios de inspiração cristã é raramente presente".
Para
Giuseppe Zambarbieri, ex-secretário geral da Confederação dos consultórios católicos,
"esta é uma herança do passado, porque na Igreja a sexualidade foi um pouco menosprezada".
Compreende-se, portanto, como explica a psicóloga e psicoterapeuta Alice Calori, responsável
do primeiro consultório católico nascido na Itália, 'A Casa' de Milão, que "quando
uma mulher se dirige a nós denunciando problemas de vaginismo ou quando um homem pede
para ser ajudado pela falta de ereção ou ejaculação precoce, os encaminhamos aos nossos
ginecologistas ou andrologistas". Isso porque _ continua a responsável _ "um verdadeiro
sexólogo não existe".
Novas iniciativas são os centros de apoio, também com
um serviço de acompanhamento on-line, da associação Auxílio à Família, de Gênova.
Mas isso ainda é pouco; basta considerar que nas Universidades católicas não existem
disciplinas específicas de Sexologia.
"Hoje, dentro da Igreja _ diz o sexólogo
Michelangelo Tortalla, colaborador do Departamento para a Família da Conferência Episcopal
Italiana _ há reflexões, pesquisas, estudos, livros que sabem apresentar uma visão
nova da sexualidade, uma visão libertadora para as pessoas e para os casais". Todavia
"faltam os passos intermediários, os canais de transmissão que possam veicular estas
belíssimas reflexões aos adolescentes, aos namorados, aos noivos, aos seminaristas".
Para
Tortalla "é importante também que o casal com dificuldade sexual não passe meses ou
anos sofrendo, mas tenha a força e a coragem de pedir ajuda a um consultório, a um
especialista. Ver um casal que se quer bem, que acredita no próprio casamento, mas
no qual está presente um vaginismo de dois ou três anos ou uma disfunção erétil, me
impressiona muito e me comove". A conclusão é que "uma boa relação sexual dá colorido
e calor à vida do casal, mas uma disfunção tira o colorido da relação e frequentemente
a destrói". (MZ)