REPRESENTANTE DA SANTA SÉ DENUNCIA A FALTA DE LIBERDADE RELIGIOSA EM MUITAS PARTES
DO MUNDO
Nova York, 28 out (RV) - O diálogo inter-religioso em todos os níveis é de
crucial importância: foram palavras do observador permanente da Santa Se na ONU, arcebispo
Celestino Migliore, em seu pronunciamento ontem, sexta-feira, em Nova York, na 61ª
Assembléia Geral das Nações Unidas. O tema versava sobre a promoção e defesa dos direitos
humanos.
A liberdade de religião ou de credo não existe em muitas partes do
mundo _ recordou dom Migliore, ressaltando que quem sofre são indivíduos ou comunidades,
em particular minorias religiosas.
O representante vaticano frisou que o papa
está preocupado com aquelas situações nas quais medidas legislativas ou administrativas,
assumidas ou ventiladas, colocam limites à prática, à observância ou ao testemunho
da religião. No mais _ observou ele _, Bento XVI olha com apreensão para os casos
nos quais a religião ou a liberdade de religião é usada como pretexto ou como justificação
para a violação de outros direitos humanos.
Dom Migliore explicou que por vezes,
"por interesses de grupos ou lutas de poder, busca-se impedir algumas comunidades
de iluminar as consciências de muitos, colocando-os em condições de agir livre e responsavelmente
segundo as verdadeiras exigências da justiça". Pode ser também expressão de intolerância
denegrir as comunidades religiosas e excluí-las do debate público ou da cooperação
somente porque não podem concordar com algumas escolhas ou adequar-se a práticas que
são contrárias à dignidade da pessoa humana.
Daí, o apelo a "quem toma decisões
em nível nacional ou global, a autoridades legais e políticas e a todos os homens
de boa vontade, a fim de que contribuam para assegurar que as diversas expressões
religiosas não sejam coibidas ou reduzidas ao silêncio".
Dom Migliore recordou
que entre os fundamentos éticos das Nações Unidas está o direito de pensamento, de
consciência e de religião. O arcebispo ressaltou que religião é mais do que simples
matéria de pensamento ou consciência; ela tem o poder de unir os diversos membros
da família humana.
O arcebispo recordou que a religião não pode ser subestimada,
sobretudo em certos contextos, em particular nos conflitos ou nas divisões; a religião
tem a força de dirigir as mentes ao pensamento de paz, de tornar os inimigos capazes
de se falar, de encorajar processos de paz.
O observador permanente da Santa
Sé na ONU recordou que estamos no 25º aniversário da adoção da Declaração para a eliminação
de toda forma de intolerância e discriminação baseada na religião ou credo.
Consciente
de todos os casos nos quais o nível de discriminação é alto, dom Migliore reiterou
os princípios de uma autêntica liberdade religiosa: não é somente tolerância, mas
é o respeito do direito a crer, a exercitar o culto, a propor e testemunhar a própria
fé. (RL)