BENTO XVI EXORTA OS BISPOS IRLANDESES: CATOLICISMO NÃO É UM CÚMULO DE PROIBIÇÕES.
"TESTEMUNHEM A BELEZA DO EVANGELHO"
Cidade do Vaticano, 28 out (RV) - Testemunhar a beleza do Evangelho contrastando
aquelas interpretações superficiais que consideram o catolicismo somente um "cúmulo
de proibições": foi a premente exortação que Bento XVI dirigiu, esta manhã, aos bispos
da Irlanda, recebidos ao término de sua qüinqüenal visita 'ad Limina'.
Em seu
discurso, o Papa afrontou o tema doloroso dos abusos sexuais perpetrados por religiosos,
reiterando a urgência de "ajudar as vítimas" desses "crimes enormes". Os prelados
irlandeses encontravam-se conduzidos pelo primaz de toda a Irlanda, o arcebispo de
Armagh, dom Séan B. Brady, que na saudação convidou o Papa a visitar, o quanto antes,
a terra irlandesa.
Ajudem os fiéis a "reconhecer a incapacidade da cultura
materialista de portar à verdadeira alegria". Foi a exortação de Bento XVI aos prelados
irlandeses, convidados a serem "corajosos ao falar da alegria que deriva do seguimento
de Cristo". Muitas vezes _ ressaltou o Papa _, a posição da Igreja é percebida erroneamente
"como algo de negativo". É então importante "enfatizar a Boa Nova, a mensagem plena
de vida do Evangelho".
O papa, por isso, acrescentou: ""Embora seja necessário
falar em alta voz contra os males que nos ameaçam, devemos corrigir a idéia de que
o catolicismo é um mero cúmulo de proibições". Em seguida, ressaltou a importância
da "formação do coração". "Um compromisso _ disse _, que na Irlanda pode contar com
os grandes recursos presentes na rede de escolas católicas."
Por outro lado,
o Santo Padre reiterou que "devem ser evitadas apresentações superficiais do ensinamento
católico, porque somente a plenitude da fé pode comunicar o poder libertador do Evangelho".
Bento XVI deteve-se, em seguida, sobre o doloroso episódio dos abusos sexuais praticados
contra menores, com o qual o episcopado irlandês teve que se confrontar nos últimos
anos.
"Esses abusos _ constatou _ são ainda mais trágicos quando quem abusa"
pertence ao clero. O Pontífice ressaltou que "as feridas causadas por tais atos são
profundas e por isso é urgente reconstruir a confiança onde ela foi danificada". Ao
afrontar com eficácia o problema, disse ainda, "é importante estabelecer a verdade
daquilo que aconteceu no passado a fim de que se possam adotar aquelas medidas necessárias
para impedir" que tais atos "se repitam".
O Santo Padre frisou a necessidade
de "assegurar que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo,
que sejam ajudadas as vítimas e aqueles que foram feridos por tais crimes enormes".
Por
outro lado, Bento XVI fez votos de que "o bom trabalho da grande maioria de sacerdotes
e religiosos da Irlanda não seja ofuscado pelas transgressões de alguns de seus coirmãos".
O
pontífice se disse seguro de que o povo compreende isso e "continuará vendo o clero
com afeto e estima". Em seguida, o papa dirigiu seu pensamento à crise de vocações,
fenômeno que nos últimos anos se verificou também na Irlanda, "abençoada no passado
pela abundância" de vocações.
"Embora por vezes o compromisso cristão seja
considerado desprovido de fascínio em alguns círculos", experimentamos que entre os
jovens irlandeses "há uma real fome de espiritualidade e um generoso desejo de servir
aos outros". Eis então que "a vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa oferece uma
oportunidade para responder a esse desejo num mundo que porta profunda alegria e realização
pessoal".
Em seguida, o Santo Padre reforçou que cabe "aos bispos a tarefa
de oferecer aos jovens uma visão atraente" do sacerdócio.
Por fim, Bento XVI
se deteve sobre a situação na Irlanda do Norte, onde _ constatou _, graças aos esforços
dos cristãos de diversas denominações, "foram feitos muitos progressos".
O
papa fez votos de que os católicos irlandeses continuem trabalhando pela construção
de uma sociedade "caracterizada pelo espírito de reconciliação, mútuo respeito e pela
desejada cooperação em vistas ao bem comum". (RL)