SANTA SÉ APÓIA REFORMA DA ONU: AS GRANDES DECISÕES NÃO ESTEJAM NAS MÃOS DE POUCOS
Genebra, 25 out (RV) - Foi celebrado ontem, terça-feira, no mundo inteiro,
o Dia Internacional das Nações Unidas. Uma ocasião para falar sobre os grandes desafios
que a ONU deve afrontar e sobre as reformas da organização também em vista da posse
no dia 1º de janeiro próximo do novo Secretário-geral, o sul-coreano Ban Ki-Moon.
A
Rádio Vaticano ouviu, em Genebra, o observador permanente da Santa Sé junto ao Escritório
da ONU e as Instituições especializadas, o arcebispo Silvano Maria Tomasi.
"Espera-se
muito que a mudança no vértice das Nações Unidas possa acelerar o processo de reforma
dessa enorme máquina burocrática que se encontra em pane _ disse o observador _ .
Foi feito um primeiro passo com a reforma do Conselho dos Direitos Humanos, no qual
também ali, após quase um ano de experiência, se vêem certos limites que exigem, talvez,
alguns ajustes. Depois está a questão fundamental que diz respeito ao Conselho de
Segurança. É onde as batalhas mais fortes e mais duras são feitas, porque é necessária
uma participação mais ampla e real nessa estrutura" _ afirmou.
"O problema
_ continua dom Tomasi _ é que até então todas as propostas feitas foram bloqueadas
por vetos cruzados. Se se conseguisse fazer de modo que as Nações Unidas, através
do Conselho de Segurança, permanecessem eficazes, ao mesmo tempo, porém dando talvez
uma voz mais forte à Assembléia Geral, se poderia andar avante. Esse é o caminho sobre
o qual se está refletindo para encontrar uma saída a essa exigência que se sente de
renovação, de modernização, e de atualizar as estruturas das Nações Unidas, mesmo
porque não se podem limitar as decisões fundamentais a um pequeno grupo de pessoas.
É preciso que o mundo e as populações do mundo tenham voz em capítulo. Esse é o grande
dilema: como equilibrar essas duas exigências?"
Interrogado se a reforma é
o único caminho para que as Nações Unidas possam desempenhar seu papel institucional,
com uma maior participação, dom Tomasi respondeu: "A legitimidade das Nações Unidas
depende da participação real de todos os países do mundo. Do contrário, caímos na
teoria do unilateralismo. Temos alguns Estados que pelo fato de serem fortes, se permitem
caminhar por contra própria, e estamos vendo a quais tragédias e a quais problemas
esse tipo de atitude pode levar" _ concluiu o observador vaticano. (RL)