BENTO XVI: A FIGURA DO APÓSTOLO PAULO DE TARSO

Cidade do Vaticano, 25 out (RV) – Nesta quarta-feira, dia de Audiência Geral, o Santo Padre encontrou-se, na Praça São Pedro, com milhares de fiéis e peregrinos provenientes de diversas regiões da Itália e do mundo.

Até agora, em suas catequeses semanais, o Papa refletiu sobre os Apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus durante sua vida terrena. Hoje, o pontífice deu início a uma série de catequeses sobre outros personagens importantes da Igreja primitiva, que também deram a sua vida pelo Senhor. A catequese de hoje centralizou-se na figura de Paulo de Tarso.

Paulo estudou a lei mosaica em Jerusalém com o grande rabino Gamaliel. No início, ele perseguiu os discípulos e os que se confessavam cristãos. Como judeu zeloso, ele não aceitava que a Lei de Deus fosse substituída pela nova fé, centrada na pessoa de Jesus.

A caminho de Damasco, Paulo de Tarso foi tocado pela graça divina e se converteu. Assim sendo, colocou toda a sua vida e energias a serviço exclusivo de Jesus Cristo e seu Evangelho.

"Paulo se define explicitamente 'apóstolo por vocação ou se define apóstolo por vontade de Deus', ressaltando que a sua conversão não foi o resultado de um prosseguimento de pensamentos, de reflexões, mas o fruto de um ato divino, de uma imprevisível graça divina. A partir de então, tudo aquilo que antes havia constituído para ele um valor, se tornou paradoxalmente _ segundo as suas palavras _ 'perda' e 'esterco', e a partir daquele momento todas as suas energias foram colocadas a serviço exclusivo de Jesus Cristo e de Seu Evangelho."

"Nos primeiros trinta anos após a morte de Jesus _ recordou o papa _, Paulo é um judeu observante que vive em Jerusalém aonde veio a saber da existência de um grupo de seguidores do Nazareno que colocam no centro de sua vida um homem crucificado, e não a lei mosaica."

"Pelo zelo que o animava, esse comportamento é para Saulo de Tarso 'escandaloso' e 'inaceitável'. Mas Deus tinha outros planos sobre a sua pessoa. Quando, a caminho de Damasco, Jesus se lhe revela, Paulo usará em suas cartas quatro verbos para descrever aquele instante extraordinário: 'visão', 'iluminação', 'revelação', 'vocação'. Quatro verbos que mudam a sua vida para sempre e que tornam única a sua experiência."

"Daí, _ prosseguiu o papa _, "deriva para nós uma lição muito importante": Aquilo que conta é colocar Jesus Cristo no centro da própria vida, de modo que a nossa identidade seja marcada essencialmente pelo encontro, pela comunhão com Cristo e a Sua palavra. À luz de Cristo, todo e qualquer outro valor é recuperado e, ao mesmo tempo, purificado de eventuais escórias."

Outra característica de São Paulo _ observou o papa _, é "o alcance universal de seu apostolado". Ele o enfrenta com coragem impressionante. Faz-se presente no Oriente Médio, na Ásia Menor e Europa, entre os perigos do mar e do deserto. O Santo Padre ressaltou as viagens do Apóstolo, que sofreu naufrágios, cárcere, chutes e pontapés, lapidações, antipatias, tudo isso para "chegar aos extremos confins da terra".

Como não amar "um homem dessa estatura" _ exclamou o Papa _, revelando o "segredo" dessa excepcional têmpera apostólica: "É claro que não lhe teria sido possível afrontar situações tão difíceis, por vezes desesperadoras se não existisse uma razão de valor absoluto, diante da qual nenhum limite podia considerar-se insuperável. Para Paulo essa razão _ o sabemos _ é Jesus Cristo, de quem ele escreve: 'O amor de Cristo nos impulsiona'. O Senhor nos ajude a colocar em prática as palavras deixadas pelo apóstolo em suas cartas: 'Sede meus imitadores como eu sou imitador de Cristo'."

Depois de sua reflexão sobre a figura do Apóstolo Paulo, o Pontífice passou a fazer um breve resumo de sua catequese, em dez línguas. Eis o que ele disse em português: "Amados irmãos e irmãs, nossa catequese de hoje considerou a São Paulo. A figura deste Apóstolo brilha pelo esplendor da sua obra, não somente por ter sido o artífice por excelência da expansão do cristianismo pelo mundo afora, mas por ter-nos ensinado a pôr Cristo no centro da nossa vida. Peçamos a Deus de imitá-lo, sabendo reproduzir em nossas vidas aquele motivo da sua entrega: 'Tornai-vos meus imitadores, como eu sou de Cristo' ".

Logo a seguir, o Santo Padre passou a cumprimentar os peregrinos e fiéis presentes na Audiência Geral de hoje, concedendo a sua Bênção Apostólica: "Saúdo com especial afeto os peregrinos de língua portuguesa aqui presentes; a todos desejo felicidades, graça e paz. Aos portugueses de Faro e de Albufeira, e ao numeroso grupo de brasileiros faço votos de que prossigam na caminhada de fé, depositando sempre a esperança em Cristo ressuscitado. Que Deus vos abençoe! ”.

Ao término da audiência, o Pontífice recordou o testemunho evangélico de Santo Antônio Maria Claret, celebrado ontem pela Igreja e depois saudou os familiares de Alessandra Lisi, a jovem pesquisadora que morreu no acidente do metrô de Roma, na quarta-feira da semana passada, dia 18. A mãe da única vítima fatal do acidente estava acompanhada pelo Prefeito de Roma, Walter Veltroni. (RL)