BISPOS NORTE-AMERICANOS PEDEM PROIBIÇÃO DE MURO NA FRONTEIRA COM MÉXICO
Dallas, 24 out (RV) - O presidente da Conferência dos Bispos católicos dos
Estados Unidos (USCCB), dom William Stephen Skylstad, anunciou na imprensa mexicana
que enviou uma carta ao presidente George W. Bush pedindo que vete a lei que autorizaria
a construção de mais de mil quilômetros de muro na fronteira com o México.
"Somos
contra esta legislação porque acreditamos que pode conduzir à morte de imigrantes
que tentarem entrar nos Estados Unidos e a um aumento nos casos de violência relacionado
ao contrabando", disse dom Skylstad em Dallas, logo depois de visitar a região fronteiriça
com o México, acompanhado de outros bispos.
O Presidente do Episcopado americano
assinalou à imprensa mexicana que a carta ao presidente Bush adverte que o muro "enviará
um sinal errôneo a nosso pacífico vizinho do sul, o México, assim como à comunidade
internacional".
Dom Skylstad destaca na carta que as mortes de imigrantes se
duplicaram desde 1995, quando o governo federal começou uma série de iniciativas para
desviar o fluxo de imigrantes ilegais dos portos de entrada e de outras rotas tradicionais.
"A
nosso ver, a edificação de um muro na fronteira obrigaria os imigrantes, desesperados
para encontrar um emprego para alimentar a suas famílias, a procurar alternativas
mais perigosas para entrar no país, contribuindo para um aumento nas mortes", disse
dom Skylstad.
"A Igreja Católica é testemunha da pobreza que conduz os desesperados
a procurar emprego em nosso país e esses assuntos de raiz econômica que provocam a
imigração ilegal não se resolverão com mais cercas ou barreiras", disse o bispo.
Enquanto
isso, no México, o arcebispo de Puebla, dom Rosendo Huesca Pacheco, expressou sua
esperança de que os governos do México e dos Estados Unidos cheguem a um acordo migratório
porque os dois países precisam um do outro.
Segundo o prelado, o anunciado
muro fronteiriço não resolverá o problema do fluxo migratório. "Será ainda mais perigoso,
mais mortal, e não vai resolver. Não servirá para uma política ordenada e humanitária
de migração, de convênio de mão-de-obra entre dois países que precisam um do outro",
indicou, reconhecendo que o México precisa criar empregos devidamente remunerados
para que ninguém tenha que emigrar. (CM)