No Angelus, Bento XVI saúda muçulmanos pelo fim do Ramadão e convida à oração e ao
empenho de todos os responsáveis perante a grave situação do Iraque. Tema da sua alocução
- o Dia das Missões
A celebração, neste domingo, do Dia Mundial das Missões, foi naturalmente o tema da
alocução do Papa, ao meio-dia, na Praça de São Pedro. Bento XVI começou por recordar
que foi o seu predecessor Pio XI a instituir, há 80 anos, esta Jornada anual, na sequência
da “grandiosa exposição promovida no jubileu de 1925 em Roma e que constituiu o núcleo
da actual colecção etnológica-missionária dos Museus do Vaticano". Comentando
o tema deste ano do Dia das Missões -“A caridade, alma da missão”, o Papa sublinhou
que “a missão parte sempre do coração: quando uma pessoa se detém a rezar diante do
Crucifixo, com o olhar dirigido àquele coração trespassado, não se pode deixar de
sentir dentro de si a alegria de saber-se amado e o desejo de amar e de se tornar
instrumentos de misericórdia e de reconciliação”. Neste contexto, o Papa evocou
o episódio vivido pelo jovem Francisco de Assis, há 800 anos, diante do crucifixo
da capelinha de São Damião, que se encontrava em ruínas. Do alto da Cruz, Francisco
ouviu Jesus dizer-lhe: “Vai, repara a minha casa, que como vês está toda em ruínas”.
“Aquela casa era antes de mais a sua própria vida, a reparar mediante uma autêntica
conversão; era a Igreja, não a igreja feita de tijolos, mas de pssas vivas, sempre
carecida de purificação; era também a humanidade inteira, na qual Deus gosta de habitar.
A missão parte sempre de um coração transformado pelo amor de Deus, como testemunham
inúmeras histórias de santos e de mártires, que, com diferentes modalidades, gastaram
a vida ao serviço do Evangelho”. Foi depois da recitação das Ave-marias que o
Papa se dirigiu aos muçulmanos: “É com alegria que envio uma cordial saudação aos
muçulmanos do mundo inteiro que, nestes dias, celebram a conclusão do mês de jejum
do Ramadão. A todos faço votos de serenidade e de paz. Com este clima festivo
contrastam as notícias que provêm do Iraque, sobre a gravíssima situação de insegurança
e sobre as ferozes violências a que se encontram expostos muitíssimos inocentes só
pelo facto de serem xiitas, sunitas ou cristãos. Compreendo a viva preocupação
da comunidade cristã e desejo assegurar-lhe a minha proximidade, assim como também
a todas as vítimas. Para todos invoco força e consolação. Convido-vos a unir-vos
à minha súplica ao Omnipotente para que dê a fé e a coragem necessárias aos responsáveis
religiosos e aos líderes políticos, locais e do mundo inteiro, para que apoiem aquele
povo no caminho da reconstrução da pátria, na busca de equilíbrios partilhados, no
respeito recíproco, na consciência de que a multiplicidade das suas componentes é
parte integrante da sua riqueza”.