Itália, terra favorável ao testemunho cristão, mas onde é preciso cultivar a mensagem
cristã, salientou o Papa falando em Verona aos delegados do 4º Congresso Nacional
da Igreja Italiana
Bento XVI deslocou-se na manhã desta quinta feira a Verona onde decorre o 4º congresso
nacional da Igreja italiana. E foi com um profundo agradecimento que o Cardeal Camillo
Ruini, Presidente da Conferência dos Bispos Italianos, acolheu o Papa. Quero destacar
o laço de admiração e comunhão, o profundo afecto e gratidão. Sinto que esta ligação
é um dom de Deus, uma ligação forte que nos junta a um guia para darmos testemunho
apostólico”. O cardeal Ruini acrescentou ainda que as palavras de Bento XVI serão
acolhidas com o coração aberto, “tentando fazer delas o caminho a que Igreja italiana
é chamada”. E concluiu as suas palavras dizendo que “sabemos que sua Santidade nos
tem no coração, por isso lhe agradecemos”.
““A Itália de hoje, é uma terra
favorável ao testemunho cristão, mas ao mesmo tempo onde precisa ser cultivada a mensagem,
porque a sociedade sente logo, quando saímos do caminho da missão”. Foi com estas
palavras que Bento XVI se dirigiu aos delegados neste 4º Congresso Nacional da Igreja
Italiana. Segundo o Papa, a Itália vive uma época de laicismo. “Deus é deixado
de fora da cultura e da vida pública” referiu, “e a fé é esquecida, porque vivemos
para o trabalho, onde Deus não aparece directamente, onde Ele se tornou descartável”,
acrescentando que também a ética é vista na fronteira do relativismo e utilitarismo,
deixando de lado qualquer principio moral. Segundo Bento XVI esta forma de cultura,
não ajuda no diálogo verdadeiro com as culturas, “onde a dimensão religiosa tem grande
expressão” não deixando lugar para as questões sobre o sentido da nossa vida”. O
ser humano não é apenas razão e inteligência, afirmou. “Os homens carregam em si,
o necessidade do amor, de serem amados e de amar” apesar de muitas vezes se perder
e se questionar” - prosseguiu Bento XVI . “Porque Deus nos ama verdadeiramente
Ele respeita a nossa liberdade”, mas todos, como Igreja, são chamados a segui-lo,
mesmo não sendo fácil, pois o caminho é cheio de contradições. “Mas não percamos
o ânimo” sublinhou o Papa, “devemos estar sempre prontos a dar uma resposta em perfeita
consciência e comunhão”. Nos primeiros séculos a Igreja, caracterizada por uma
prática de vida cheia de amor aos pobres e aos que sofrem, teve uma grande expansão
missionária. “Este deve continuar a ser o caminho para a evangelização da Itália e
do mundo de hoje” referiu. O Papa dirigiu-se aos participantes do Congresso sublinhando
que a Igreja italiana tem um grande testemunho de vizinhança e solidariedade. “Esta
atitude é visível nas comunidades, nas paróquias, no voluntariado social, associações,
grupos, actos individuais ou em grupo” tornando deste modo visível “o amor de Deus
no mundo”. A igreja não é nem pretende ser um agente político” referiu, “a fé
cristã apenas ajuda a melhorar a justiça, a doutrina social” sendo missão dos leigos
e não da Igreja ajudar a construir uma sociedade mais justa. O Papa enalteceu ainda
o contributo que a Igreja italiana dá “pelo seu testemunho ; um serviço precioso
e estimulante para a nação e para o mundo”.