CORÉIA DO SUL: MENSAGEM DOS BISPOS SOBRE TESTES ATÔMICOS
Seul, 18 out (RV) - Somente com o diálogo, paciência e perseverança, pode-se
chegar à paz na península coreana. É o que reafirmam os bispos da Coréia do Sul, numa
mensagem publicada na conclusão de sua Assembléia Geral, em Seul. O encontro foi dominado,
em grande parte, pela crise nuclear norte-coreana.
O documento, assinado pelos
Presidentes das Comissões Justiça e Paz e da Reconciliação do povo coreano, destaca
que a posse de uma arma nuclear de modo algum pode ser justificada, e exorta a comunidade
internacional a buscar uma solução negociada para a crise. "Para que isso seja possível
_ acrescenta a mensagem _ é preciso aplicar o Acordo de reconciliação, não agressão
e desnuclearização, assinado pelas duas Coréias em 1991".
Nestes anos, Norte
e Sul mantiveram relações pacíficas, que permitiram aos dois países reconhecerem-se
mutuamente como um povo único. Assim sendo, os bispos concluem a mensagem pedindo
que este processo não seja obstruído e nem retrocedido, em favor da paz e da unidade
da península.
Na mesma linha dos bispos, o Conselho coreano para o Apostolado
dos Leigos recorda que as ajudas fornecidas nos últimos 15 anos pela Igreja do Sul
aos irmãos do Norte, no esforço da reconciliação, não devem ser desviados para a construção
de armas de destruição de massa, como as nucleares.
O teste nuclear realizado
pela Coréia do Norte no último dia 9 vai atingir, "de maneira muito dura, o trabalho
das ONG's que ajudam a população do país, inclusive a Caritas, que estava conseguindo
levar adiante sua missão em favor dos mais pobres entre os pobres".
Esta é
a opinião do diretor da Caritas coreana, Pe. Paul Jeremiah Hwang Yong-yeon. Ele explica
que "a guerra e a separação da península coreana deixaram muitas feridas na população
de ambos os lados do confim, e depois de 53 anos, a dor ainda não passou".
Há
também o aspecto financeiro, já que as verbas usadas pelas operações da Caritas provêm
de doações de instituições e de particulares, de todo o mundo. Com iniciativas como
o teste atômico, a Coréia do Norte atrai a antipatia internacional, o que acaba por
afetar economicamente sua população. "Porque a vontade de doar diminui quando a impressão
do país ao qual vai o dinheiro não é boa".
Enfim, Pe. Paul releva o problema
das fronteiras: "Pyongyang aplica um estreito controle sobre seus confins, e Seul
faz o mesmo. Um problema internacional desta dimensão produzirá uma nova e imponente
barreira também para o trabalho humanitário, e as únicas e verdadeiras vítimas serão
os norte-coreanos, que não poderão aceder aos recursos de que precisam". (CM)